“Nesse dia, chorei abraçada aos que mais amo por horas” - Cancro da mama

“Nesse dia, chorei abraçada aos que mais amo por horas”

Hoje, no Dia Nacional da Prevenção contra o Cancro da Mama, partilho convosco uma história de coragem. Uma entre tantas outras que ouvimos diariamente. Aos 23 anos, um cancro da mama virou-lhe a vida do avesso. Foi operada, fez quimioterapia e nunca desistiu.

Deparei-me com o seu testemunho na página da Liga Portuguesa Contra o Cancro e não resisti a partilhá-lo. Ninguém espera ter cancro da mama, mas aos 23 anos é ainda mais inesperado. Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 5600 novos casos.

Foi no dia 19 de janeiro de 2013 que a vida de Verónica Domingos mudou radicalmente. Um diagnóstico de cancro de mama bateu-lhe à porta aos 23 anos e Verónica não queria acreditar que, com essa idade, teria de enfrentar uma doença que, por muito que nos acenem com taxas de tratamento e de cura cada vez mais altas, continua a ser, para a maioria das pessoas, sinónimo de medo, sofrimento e morte. “Nesse dia, chorei abraçada aos que mais amo por horas”, conta no testemunho que deixou na página da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Aliás, foi nesta página que, nos momentos iniciais, procurou algum conforto nas palavras de quem já tinha passado por tudo aquilo que desconhecia mas que brevemente teria de enfrentar. Alguém que a pudesse ajudar a lidar com os seus receios e temores, e entendesse aquilo por que estava a passar.

Depois de receber o diagnóstico, Verónica só pensava no passo seguinte: a cirurgia. “Ansiava pelo dia da operação, sentimos um enorme alívio”, revela. Mas com a chegada deste momento, veio também o medo da quimioterapia, que teria de fazer na fase seguinte. E, claro, um dos principais receios de quase todas as mulheres que passam pela doença, o medo de perder o cabelo.

Verónica iniciou os tratamentos de quimioterapia e, durante esta fase complicada, acabou por ser o pilar e a força dos pais, que tanto estavam a sofrer. “Era eu quem dava mais força a todos pois sabia que estava pronta para ir à luta e vencer!”.

Como esperava, o cabelo começou a cair e, rapidamente, decidiu rapá-lo. Não valia a pena prolongar algo para o qual já estava mentalizada e sabia que tinha de acontecer. Esse momento, como conta, acabou por ser descontraído e foi realizado na companhia dos pais.

A adaptação ao novo look foi fácil. Não recorreu a próteses capilares (perucas), mas rapidamente rendeu-se aos lenços: “Em pouco tempo, utilizava-os de diversas formas e cores. Sentia-me bem comigo própria, fazia imensas piadas e todos os que me rodeavam sentiam a minha energia positiva e boa disposição”.

Os últimos tratamentos foram mais sofridos. Verónica sentia-se frágil, mas foi resistindo. Passou dias mais difíceis, alturas em que teve de ser internada mas não desistiu e descobriu em si uma força e vontade de viver que não sabia que tinha.

Hoje, alguns anos depois da cirurgia, Verónica sente que é “uma mulher diferente, mais madura e com outra visão de vida”. E isso deve-se em grande parte ao carinho e apoio que teve por parte de quem a rodeava. Dos pais, que foram o seu pilar e a motivação para continuar a lutar. Do namorado, que esteve sempre ao seu lado. E dos amigos que a acompanharam em todo o seu percurso. “Temos de nos agarrar às coisas boas que temos ao nosso lado, juntar forças e ir à luta. Vai custar mas vamos vencer”.

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