O Futuro… a eles pertence

Em dezembro, vamos espreitar o futuro.

E convidei dois jovens para a viagem das previsões. Como será que Conguito, um jovem que tem feito sucesso na comunidade de Youtubers, vê a comunicação nos próximos anos? E Mia Rose, uma autêntica vedeta digital, qual a sua opinião sobre a música e as novas tecnologias, nos tempos que se aproximam?

Fotos (belíssimas fotos!): João Portugal

O futuro é hoje. E traz desafios para todos. Estou curiosa!

Os mais novos primeiro. Fábio Lopes, 23 anos (acabadinhos de fazer!! Parabéns), chega ao local combinado, discreto, de ombros encolhidos, sorriso simpático. Calculo que nem todos os que naquele momento visitam a Fábrica Braço de Prata imaginam terem acabado de cruzar-se com uma celebridade. E aqui entre nós, Fábio não dá ares de estrela.

Mas é. Mais de 44 mil seguidores na sua conta de Youtube (plataforma com mais visualizações na internet, seguida do google), locutor na Mega Hits, apresentador no icónico CC All Stars da SIC Radical, diretor geral da BUZZ TV (projeto pessoal), convites para novos desafios, seja um videoclipe com Lili Caneças, seja ser o rosto de uma campanha de vídeos da CP: “Um bilhete Pó Futuro”.

Fábio, conhecido pela alcunha Conguito, que conquistou em criança, no clube de futebol, tem efetivamente um bilhete para o futuro.

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Fábio Lopes, ou como é conhecido, “O Conguito”, é Youtuber, criativo, e uma das novas vozes da geração mais jovem

A questão que lhe coloco é: como pensa ele fazer a viagem?

“Julgo que os meios de comunicação tradicionais – a televisão, os jornais, a rádio – vão adaptar-se aos conteúdos que estão a ser criados agora,” diz Fábio. “Imaginem: Qualquer pessoa é um produtor de conteúdo hoje em dia, e através do seu telemóvel, do computador, pode criar alguma coisa. Penso que os meios vão ter de se adaptar a este tipo de produção e ir buscar estes produtores – nós, todas as pessoas. No futuro, vejo uma mistura do digital com o tradicional, vejo pessoas que nunca fizeram televisão a falar para as câmaras. E as rádios vão ter de ir buscar podcasts porque é o que funciona”, antecipa.

Conguito, que confessa não ser telespetador assíduo de televisão (Nem do Queridas Manhãs, insisto?!), acrescenta: “Plataformas como o Netflix significam o retorno dos jovens à televisão – os jovens já viam séries e filmes no computador.” A explicação: conteúdos impostos à hora certa, não obrigada.

Na televisão, estou esclarecida quanto às perspetivas de um jovem e bem sucedido youtuber.

Na música, estou bem acompanhada por Mia Rose.

A música terá sido das primeiras indústrias a aperceberem-se que tudo mudou. Por isso, os artistas tiram partido das novas plataformas, para ganhar uma segunda vida musical, partilharem o seu trabalho.

Mia é para mim uma vedeta digital. O talento que atraiu as atenção da editora de Lady Gaga nos Estados Unidos preferiu regressar a Portugal. Mia estava decidida a fazer parte do seu próprio projeto criativo ao invés de ser uma Rihanna.

Lançou o single Sussuro, disponibilizou-o no Youtube (onde atingiu um milhão de visualizações) e arrancou com o aguardado álbum de estreia “Tudo Pra Dar”. Certo. O seu percurso inteligente tinha tudo pra dar certo.

 

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Mia Rose tornou-se conhecida pelas suas canções colocadas no Youtube. Venceu a categoria de Vlog de Lifestyle de 2017 nos prémios Blogues do Ano

A oportunidade da identidade

“Sinto que as pessoas estarão cada vez menos dispostas a pagar pelos conteúdos, por outro lado, o acesso a estes mesmos conteúdos será crescente. As plataformas tendem a aumentar e a chegar a um público ainda mais vasto, pelo que antecipo tempos de grandes desafios e oportunidades!”, partilha Mia.

Mas atenção, ressalva Fábio, enquanto fã acérrimo de música e colaborador de vários projetos musicais como “Dois Brancos e um Preto”, há que não esquecer o papel da identidade. “É um ponto em que insisto. Considero que cada projeto tem de ter a sua própria identidade. E é isso que distingue as pessoas. Temos a tendência de vestir o mesmo que vemos na redes sociais ou dizer algo que ouvimos. Precisamos de recuperar a identidade.”

You… quê?

Conguito é um jovem Youtuber, ou seja, comunica na segunda plataforma com mais visualizações no mundo, seguida do Google. Mas nem todos dominam o tema. “Há pessoas que ainda ficam de pé atrás quando digo que sou Youtuber”. Fábio teve a experiência em casa:  “Foi difícil explicar aos meus pais. Se eu dissesse que era ator, eles teriam referências. Mas quando lhes disse que era Youtuber, a minha mãe perguntou o que era isso, o Youtube…”

Mia Rose sabe do que falamos.  Em 2006, quando começou a publicar as suas canções no Youtube, na altura apenas usado para fazer compilações de vídeos de comédia, recorda-se de as pessoas “duvidarem da plataforma que tinha escolhido para divulgar o meu trabalho. O Youtube é uma comunidade maravilhosa e, por isso mesmo, onze anos depois, continuo por aqui.” E bem: o seu canal de youtube “Little Mia Bug”, premiado recentemente na categoria Vlog Lifestyle, tem mais de 50 mil seguidores.

Já na rede social Facebook, defende o Fábio, assiste-se a uma fuga: “Hoje em dia, está tudo a fugir do Facebook e a migrar para o Instagram e para o Twitter. E é engraçado acompanhar essa evolução.”

E depois do… Twitter? “O futuro será feito de tempo real. Vão surgir uns óculos em que quando olhar para a Júlia, irei ver tudo o que a Júlia quiser partilhar.” Será?

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Mia Rose encara o futuro com otimismo: “antecipo tempos de grandes desafios e oportunidades!”

 

Partilha com responsabilidade

Nem só de música vive Mia. Mia Rose é também sinónimo do seu canal de Youtube e de “La Sonatina”, um blogue onde partilha conteúdos com tantos outros seguidores. É uma responsabilidade? “Não diria uma responsabilidade acrescida, mas sim uma atenção regrada ao que pretendo partilhar com o mundo. Sempre fui honesta com os meus seguidores e hei-de continuar a ser sempre. Por isso, tento sempre produzir conteúdos que correspondam às expectativas dos meus fãs e que lhes permitam ter acesso ao que está por detrás ou para lá dos palcos, ou seja informação que não está diretamente relacionada com a música.”

Fábio sorri, encolhe os ombros à sua imagem de marca, e admite ter-se apercebido desta responsabilidade, de comunicar para uma legião numerosa de fãs, “há muito pouco tempo”.

Um dia parei e observei 50 mil pessoas numa plataforma, a comentar e a interagir diretamente comigo. E se eu começasse a falar do meu dia, nas finanças, por exemplo? Quando passei um recibo verde pela primeira vez? Como foi procurar casa em Lisboa? E se eu experimentasse este registo?”, questionou-se.

Não gosta do título “Opinion maker” ou “influencer”. “Eu sou só uma pessoa que gosta de fazer vídeos, gosta de som, gosta de escrever. E a internet deixa-me fazer isso tudo. É a minha casa, e a obrigatoriedade não me vai motivar a criar.”

Desafios na produção de conteúdos? “Tornar os temas que são uma seca, pesados e aborrecidos, em algo interessante e fácil de compreender.” Falando de política… “Os políticos estão na sua bolha, não conseguimos compreender metade do que dizem. Quando cheguei aos 19 anos tive de procurar pessoas que ‘falavam a mesma língua que eu’ para entender melhor o que se passava nesta área.”

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O Conguito quer “tornar os temas que são uma seca, pesados e aborrecidos, em algo interessante e fácil de compreender.”

O Conguito faz 23 anos (amanhã, dia 1 dezembro)!

Perguntei-lhe o que o faria feliz no futuro?

No futuro, “quero ter uma casa no México”. É uma piada que costuma usar quando o assunto é a (sua) felicidade. “A casa no México representa a minha felicidade. Eu sei que é um cliché mas quero fazer o que me faz feliz. Quando estou cansado, penso no objetivo final, a casa no México, que é o mesmo do que me faz feliz. Não sei se em 2030 vou querer continuar a fazer isto, apesar de sentir que este é o melhor momento da minha vida.”

 

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