A recente estreia do “Blade Runner 2049” influenciou o tema da minha plataforma, este mês. O primeiro Blade Runner é o meu filme favorito e, nos anos 80, levou-me seriamente a pensar sobre o futuro, a robotização. Hoje continuamos a fazer projeções e atiramos ao alvo. Resta saber se vamos acertar em cheio.
A velocidade é outra. E essa é das únicas certezas que o futuro nos reserva. Basta comparar e pensar que enquanto o telefone demorou 75 anos a chegar a 50 milhões de pessoas, a internet apenas precisou de quatro. E o instagram, só dois. Estamos a viver em compasso de velocidade. O que dificulta as previsões. E aumenta a curiosidade – falando por mim. O futuro atrai-me, interessa-me. É o “local” onde viverão os meus filhos e as minhas netas (tenho a segunda prestes a chegar!).
E não me atemorizam as palavras de Sophia, a robô programada com inteligência artificial que estima o crescimento de robôs na sociedade com as claras consequências na ocupação e substituição de mão de obra humana e eliminação de postos de trabalho. Venham as máquinas e ajudem-nos nas tarefas domésticas, que serão bem-vindas. Estou porém certa de que a inteligência artificial estará sempre aquém da humanização das tarefas e esta distinção também criará novas oportunidades no mercado.
Venham as máquinas e teremos mais tempo, para nós, para a família, para aprender. E, ao contrário do que muitos preconizam, acredito que teremos mais tempo para ver… televisão. Sim, considero que a televisão tem um potencial gigantesco (escrevam o que vos digo) de crescimento. A imagem vai estar em todo o lado. Quem sabe, dentro dos próprios carros que, é unânime nos especialistas da mobilidade, não necessitarão de condutor. A tecnologia sem carros, corrija-se, é já na verdade mais presente do que futuro, graças ao carro automático criado pela Waymo.
Portanto, se dentro do automóvel deixarmos, muito em breve, de ser condutores, poderemos passar a ser espetadores e aproveitar o tempo de viagem para ver vídeos ou televisão. Confesso que queria ‘ver’ este futuro. E se o meu rosto passar nas imagens, em televisão ou youtube, dentro ou fora dos veículos, significará que ultrapassei a barreira do tempo, enquanto apresentadora.
É com este misto de tecnologia e humanização que antecipo os próximos 20 anos. Não me preocupam os robôs. Mas preocupam-me os estudos que anunciam um relacionamento alimentado e dependente da internet e das redes sociais. Não me preocupa a evolução, a mudança. Mas preocupam-me as assimetrias económicas, a qualidade de vida. Preocupa-me um futuro sem água e árvores (que chova a potes este inverno e que se repita a valente molha que apanhei há dias!). E, sobretudo, aterroriza-me a ideia de que no futuro possa ler uma notícia como a publicada há dias: leilões de escravos na Líbia.
O futuro não será perfeito. Porque não há realidades perfeitas. E eu, Júlia, não tenho pretensões de perfeição. Nunca dependi do Photoshop, da beleza plástica, desenrugada.
Saúde. Otimismo. Boa capacidade de raciocínio. Não me basta chegar ao futuro. Quero chegar bem. Futuro, I’m ready!