Baile de Máscaras com Ana Guiomar

O Carnaval deu-me o tema para a edição de fevereiro de Júlia – De Bem com a Vida. Confesso que não sou apreciadora da folia dos disfarces. Mas máscaras, quem as não tem? 

Quantas vezes estamos mal humorados e temos que pôr o nosso melhor sorriso? Quantas vezes vestimos e despimos um sem números de fardas por dia? A de mãe/pai, avó/avô, filha/filho, a de trabalhador(a) e ainda a de engomador(a), cozinheira/o, empregada/0 de limpeza. Disfarces não nos faltam. E ainda não chegou o Carnaval!

Passamos o tempo a representar vários papéis. Como se fôssemos todos também um bocadinho atores nos nossos próprios palcos. Mas como tudo na vida, há quem desempenhe (ou consiga) sempre um melhor papel. Lembra-se da Marta Navarro, a rapariga da voz estridente da série Morangos com Açúcar? De Carla, da novela Ambição, da SIC? Ou de Ana, da peça do Teatro Aberto, Toda a Cidade Ardia?
São várias personagens. O talento é que é o mesmo – chama-se Ana Guiomar! A minha convidada da edição de fevereiro Júlia – De Bem com a Vida, inspirado no tema Máscara!

 

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Ana Guiomar foi nomeada, pela Sociedade Portuguesa de Autores, como uma das 3 melhores atrizes de teatro do ano. Foi a mais jovem atriz de sempre a receber tal distinção, com apenas 23 anos


Ana Guiomar, 29 anos, atriz desde os 16.

Começou na série “Segredo de Justiça”, seguida de “Morangos com Açúcar” durante três anos. Entre novelas, filmes, teatro, apresentação da Best Bakery em 2016, Ana é hoje uma estrela confirmada na representação.

Pergunto-lhe se no meio de tanta luz, câmara, ação, é fácil encontrar-se a si mesma?

“No teatro, sinto que as personagens se colam um bocadinho à nossa pele”, confessa. “Principalmente durante os primeiros sete, oito meses do projeto – são processos longos para uma carreira curta em espetáculo. Ainda assim, a personagem parece que ganha forma dentro de nós. Já em novela, acaba por ser engraçado porque, quando entramos de manhã ao estúdio, já chegamos com a personagem. Influencia-nos mesmo: se estiver a fazer uma personagem alegre ou cómica acaba por ser mais inspirador, fico mais bem disposta. Se estiver a representar uma personagem depressiva é mais complicado, ela apodera-se de mim”.

E nestas situações, vale um truque de purificação: “Quando filmo novelas, costumo implementar um hábito para me encontrar a mim mesma, que consiste simplesmente em ir a conduzir para casa e a ouvir música: é um ritual que marca o fim da personagem. E o meu começo…”

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Ana Guiomar criou o projeto Mãe, já não tenho sopa

Máscaras para todas as ocasiões?

“As máscaras vão existir sempre”, conta. “Também as usamos para nos protegermos.” Porém, acrescenta: “A mim, as máscaras nunca me correm muito bem. Acho que os meus olhos dizem tudo, ou então, por vezes, esqueço-me e deixo cair a máscara. Mas nunca sinto a necessidade de criar uma personagem para mim, a partir do momento em que já tenho tantas, enquanto atriz.”

“Nem imagino como seriam os Morangos com Açúcar com redes sociais”

Criar uma máscara já foi bem mais difícil. Hoje podemos estar a passar pelo pior dia da semana e colocar o sorriso mais amarelo online… Basta um clique para, aos olhos dos nossos ‘amigos’, passarmos a ser a encarnação da boa disposição em pessoa. “Os tempos são outros. Eu nem imagino, por exemplo, como é que seriam os Morangos [com Açúcar] se na altura existissem redes sociais…”.

Em 2003 (primeiro ano desta série televisiva juvenil), termos como Facebook e Instagram não faziam parte do guião. Hoje seriam certamente personagens principais.  Ana Guiomar tem mais de 100 mil seguidores no Facebook,  mais de 200 mil no Instagram e tantos outros milhares no “Mãe, já não tenho sopa”, o projeto que criou exclusivamente no Instagram, com receitas e dicas culinárias.

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Um talento chamado Ana Guiomar

São números, senhores, são números, mas refletem o reconhecimento do público para com aquela que foi a atriz mais nova de sempre a ser nomeada pela Sociedade Portuguesa de Autores, aos 23 anos, na categoria de melhor atriz de teatro (pelo seu desempenho em “A Purga”).

Televisão, teatro e até cozinha. Estava a faltar-me a sétima arte: Beija-me Depressa, que lhe valeu um prémio no Festival de Curtas de Taiwan.

E no futuro, uma máscara dourada? “Como atriz, tenho grandes ambições de grandes personagens, grandes pessoas”, conta. “Desde que a personagem seja densa e bem construída, será interessante. Cada pessoa tem várias máscaras, lá está. Só uma é uma chatice”, diz Ana G. G grande, de grandes ambições.

 

 

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