A história da Cinderela brasileira (imagem AFP/Getty Images)

‘Cinderela brasileira’: a modelo que está a conquistar a China

História da Cinderela fashion? Depois de uma infância a vasculhar no lixo nas ruas do Rio de Janeiro, Sandra Passos, de 28 anos, quer conquistar a China com a sua carreira enquanto modelo de moda e a sua agência com beleza fora dos padrões normais da indústria.

Uma verdadeira “gata borralheira”. Sandra acompanhava o pai na cidade de São Gonçalo, nos arredores do Rio de Janeiro. O pai criava porcos e remexia o lixo à procura de tudo o que pudesse reciclar, e a agora modelo estava junto dele nesta árdua tarefa, enquanto “catadora de lixo”, como lhe chamam no Brasil.

Este conto de fadas, da lixeira para a paserelle, começou aos 16 anos, quando a mãe a convenceu a entrar num concurso de beleza. Com olhos verdes, pele branca e uma altura considerável, Sandra foi logo contratada por várias agências. Mudou-se para a China para trabalhar como modelo. “Foi muito difícil, não sabia inglês e muito menos mandarim. Não tinha um cêntimo comigo e mal sabia o que estava a fazer”, confessa, contando que demorou cerca de seis anos a consolidar a sua carreira.

Agora, com a sua agência Rio Model Management, Sandra quer mostrar que a moda, especialmente a asiática, não fica só bem em mulheres altas, loiras e esculturais. As chamadas modelos plus size ou que não sejam brancas nem asiáticas são ainda uma raridade – uma falha que a brasileira quer colmatar. A modelo Caroline Patrão, também do Rio de Janeiro e agenciada por Sandra Passos, já tem dado que falar na moda chinesa devido às suas curvas. “Ir para a China parece assustador”, diz Jessica Soares, modelo de pele mais escura da escola de modelos que Sandra instalou na sua cidade natal, São Gonçalo. “Mas hoje sei que posso ter uma carreira na China como modelo plus size.”

Ivan Li, booker da agência, diz que, num mundo ideal as modelos seriam todas diferentes. Mas acredita que, apesar de algumas não conquistarem tanta popularidade, “haverá sempre um mercado para todos na China”.

Mesmo para todos. No mês passado, Sandra regressou ao Brasil para escolher talentos que poderão depois passar uma temporada no país asiático. Contava Sandra à imprensa brasileira que, quando apresenta a oportunidade aos jovens, explica-lhes que “não se trata de um concurso, mas de um projeto de vida”. Sandra quer ajudar outros jovens com histórias semelhantes à sua.

Por enquanto, de longe, vemos como se mudam atitudes e mentalidades. Afinal, quem é que não se pode transformar em Cinderela?

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