O perigo das Máscaras

Nada contra o Carnaval. Antes pelo contrário: sou muito a favor das oportunidades para as famílias se juntarem e divertirem em eventos que, na verdade, podem sair bastante económicos.

Cartolinas, tecidos e disfarces emprestados fazem maravilhas! O tema das máscaras simplesmente vem a propósito de umas estatísticas recentes (abaixo) e inspirou-me a escrever sobre um dos assuntos que, na minha área, considero dos mais preocupantes.  Tem a ver com aqueles momentos em que antecipamos complicações financeiras, mas que, em vez de pedir ajuda… optamos por colocar a máscara!

No que diz respeito à saúde financeira do nosso agregado familiar, não há máscara que valha a pena. Ou seja, se as contas começam a cair lá em casa e o que recebemos começa a ser menos do que gastamos, é necessário tomar medidas urgentes e imediatas. E isso implica aprender a dizer não: Não aos ténis de marca que os nossos filhos pedem.
Não à fantasia nova e demasiado cara de carnaval. Não aos gastos em excesso. Mas não basta dizer não. Às vezes também é preciso pedir ajuda. Porque nem todos nascemos a saber
fazer contas no excel e a reorganização financeira não é matéria fácil. Isto é, facilmente nos adaptamos a um orçamento mais abundante mas é com dificuldade que apertamos o cinto, porque já há despesas fixas e empréstimos aprovados.

É verdade que o ordenado mínimo aumentou (580 euros) e a descida rápida do desemprego em Portugal permite-nos uma aproximação (neste índice) a países de referência como a Finlândia.
Mas atenção aos seguintes sinais de alerta. Para que as notícias anteriores possam ser uma esperança, mas não máscaras de factos reais e recentes:
– Portugal é um dos países onde o rendimento dos agregados familiares se mantém a níveis inferiores a 2008, indicou o relatório trimestral sobre a evolução do emprego e da situação social na União Europeia, divulgado esta segunda-feira, 12 fevereiro;

– Notícia de 31 janeiro: As famílias devem mais de 25 mil milhões aos bancos. Em 2017, o crédito ao consumo atingiu o valor mais alto desde 2013;

– No final de 2017, recorde-se que o Banco de Portugal tinha voltado a alertar as famílias para a perda de rendimento com a subida da Euribor: as famílias endividadas perdem, em média, 2% do rendimento a cada subida de 1% das taxas Euribor, a que está associada a maioria dos empréstimos à habitação.

Portanto, o meu conselho é avaliar se há razões para pedir ajuda e, nesse caso, fazê-lo o mais cedo possível, de forma a evitar penhoras e situações financeiras complicadas. Pedir ajuda não é motivo para ter vergonha.
Nestas alturas, não há razão para usar máscara. A não ser a da coragem – para enfrentar e resolver problemas que têm impacto direto na vida e felicidade do agregado familiar.
Feliz Carnaval!

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