De vez em quando, sou a má da fita. Há uma expressão em inglês que serve de bom contexto para este tipo de situações: ‘It’s a dirty job, but somebody has to do it’ (“É um trabalho sujo mas alguém tem que o fazer”).
E esse trabalho começa… no lar.
“Quem é que deixou as luzes acesas?”, faz parte das principais perguntas de rotina, típicas de quem tenta manter a ordem e ditar regras. Uma das regras apertadas tem a ver com a hora das refeições. É quando a voz de mãe arranca pela tabela de decibéis acima e solta um sonoro: “Tudo para a mesa!”.
Por que será que, precisamente no momento em que o tabuleiro sai do forno (cozinheira esmerada quer servir tudo quentinho!), alguém tem sempre uma chamada a fazer, uma mensagem importante para enviar? Se a comida começa a ficar fria, eu começo a gelar… 🙂
Trabalho
Com a minha equipa, no local de trabalho, nem sempre os dias também são fáceis. Eu sou muito exigente. Não sou “vilã” . Mas sou perfeccionista e empenhada em motivar a minha equipa para darmos sempre mais um passo à frente. É importante darmos sempre o nosso melhor. Mas tanto sou autoritário como sou maternal.
Um aparte, em tempos, chamavam-me a varina mágica!
No ecrã
Quem se recorda de “O Elo Mais Fraco”? Vestida de preto e com ar ameaçador, fui a má da fita neste concurso, adaptado do formato original inglês (Weakest Link), apresentado pela cruel Anne Robinson.
Aos concorrentes, com quem me cruzava nos bastidores, avisava que iria ser implacável. Eles nunca estavam preparados para esta personagem do programa: “Desapareça”, “Você nunca deveria ter sido professor do ensino primário” eram maldades que faziam parte do guião e do espírito do formato.
Má da fita? Na Noite da Má Língua, claro! Cabia-me o papel moderador do grupo. Mas nas reportagens, não me escapava aos insultos. E, num caso pontual, a uma tentativa de atropelamento. Estava encarregue de entregar o Prémio da Má Língua a uma personalidade, mas esta não terá gostado da minha surpresa às 8h30 da manhã, à porta da sua casa, e avançou com a sua viatura na minha direção. O cameraman foi hábil e conseguiu gravar o incidente. E eu, fui mais hábil ainda, que consegui saltar a tempo.
Igualmente insólito (mas, felizmente, não verdadeiro), é o episódio (Canal Q) em que vou visitar o Rui à prisão! As “falas” são pungentes, severas. “Rui estás deserdado?”, chego a dizer-lhe. Julgo que não me saí mal no papel de má que era suposto desempenhar numa suposta prisão. Representação, quem sabe um dia!?
https://www.youtube.com/watch?v=j0gI4wXS1ao