ONG

A perda de confiança nas ONG

Organizações Não Governamentais (ONG) estão a perder a nossa confiança, diz estudo. Especialistas culpam os escândalos que envolvem entidades conhecidas e outrora confiáveis.

Há um dado inquietante que merece a nossa atenção: nos últimos anos, tem-se verificado uma quebra da confiança em setores muito importantes da nossa vida: política, negócios e media (comunicação social).

E agora, um recente estudo internacional, que avaliou opiniões em 28 países, vem agora revelar que a confiança nas Organizações não Governamentais está também em declínio.

Quando questionados sobre se confiariam nas ONGs para fazer o que está correto, apenas metade dos inquiridos respondeu que sim. Mais preocupante ainda: em oito países (Rússia, Suécia, Japão, Alemanha, Irlanda, Holanda, Reino Unido e Polónia), as pessoas dizem confiar menos nas ONG do que nas empresas.

Mas a que se deve esta rutura de confiança numa área que tem sido, tradicionalmente, mais confiável que a política ou os negócios?

Rupert Younger é Diretor do Centro de Reputação Corporativa, da Universidade de Oxford e avança algumas razões possíveis para este descrédito.

Entre elas, os vários escândalos em que têm sido envolvidas as Organizações não Governamentais. Rupert cita três exemplos internacionais (de recordar que, embora o estudo não tenha abrangido Portugal, a tendência é internacional, ou seja, sugere que também sejamos afetados. Aliás, como se verificou recentemente no caso Raríssimas, não escapámos aos “escândalos” referidos pelo especialista britânico em reputação”).

Primeiro exemplo: A Fundação de Caridade Kids Company faliu no verão de 2015, no Reino Unido, um mês depois de receber 3 milhões de libras do governo, uma decisão apoiada pelo então primeiro-ministro, David Cameron.

Segundo exemplo: Ação da Cruz Vermelha americana após o terramoto do Haiti, em 2010. Investiga-se por que motivo esta ONG recebeu 488 milhões de dólares em donativos mas apenas reconstruiu seis casas de habitação permanente no Haiti. Para onde foi o dinheiro?, pergunta-se.

Para onde foi o dinheiro é questão que não se coloca no terceiro exemplo dado pelo especialista britânico em reputação. Neste caso, há provas e sabe-se que as faturas de restaurantes, cruzeiros e lingerie foram pagas com os 200 milhões de dólares de donativos feitos a quatro instituições de caridade, alegadamente de combate ao cancro. “Sham charities” (falsas fundações) é como passaram a ser conhecidas em 2015, nos Estados Unidos.

E agora? No seu artigo, Rupert Younger aconselha a agir de imediato. Além de uma presença forte e coerente nas redes sociais, Rupert defende que as ONGs precisam de revelar o que andam a fazer com transparência e de forma simples (gráficos, dá o exemplo). Rupert dá mais uma sugestão: “admita e peça desculpas rapidamente se alguma coisa corre mal. As coisas más acontecem”.

Acontecem. Mas não deviam. E colocam em causa quem faz um bom trabalho.

 

 

 

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