O amor sem idade

Quando perdeu a mulher, Richard julgou que os seus 97 aos de idade seriam sinónimo da solidão típica da terceira idade.  Até surgir Ruth… a provar que o amor não tem que ter idade… Ou tem?

Não hesito em soltar uma gargalhada pela forma como este senhor responde à pergunta: “Quantos anos tem? “Tenho 97”, diz. E perante o espanto de quem o questiona, Richard acrescenta: “mas o meu cérebro mantém-se como se tivesse 30!”.

Admiro-lhe genuinamente a postura. Invejo-lhe a clareza de espírito, prestes a completar um século. Richard vive em Londres e partilha que a sua mulher faleceu há cinco anos. Julgou que nenhuma outra mulher voltaria a olhar para ele e conformou-se com a solidão da terceira idade.

Até que… surgiu Ruth, uma senhora de 79 anos, que entrou na vida de Richard para provar que o amor… pode não ter idade. Ruth lança a seguinte questão no Channel 4, a rede de televisão britânica que fez esta reportagem com o casal: “o amor muda com o envelhecimento, certo?”

Certo. E a conversa entre ambos é deliciosa. Richard, outrora elemento das Forças Especiais (participou na II Guerra Mundial), explica melhor por que se sente um jovem de 30 anos: entrou no Exército aos 18 e saiu aos 27. Perdeu ali a sua juventude. E por isso, prolonga-a. Ainda que a dor da perda esteja presente: “foram 20 anos de casamento. Um dia, chego a casa e ela diz-me que tem algo para me contar. Mas o quê? Estou a ficar demasiado velho para ti, questionei. Nada disso”, recorda Richard. “Tenho cancro”, disse-me ela.

A historia de Ruth é semelhante. Perdeu o marido duas semanas antes do natal. Ainda hoje se sente triste nesta época, com a recordação: “lembro-me de sair de casa a chorar e ver os casais, a fazerem compras de natal, juntos…”.

Hoje Richard pergunta-se: “será que sou demasiado velho para Ruth?”. E Ruth diz-lhe: “97 anos? Tiro-lhe o chapéu”.

 

 

 

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