Júlia...sombria

“Agora que sabemos tanto sobre a saúde, temos, todos os dias, que aprender com a dor e com a perda.”

Eu sou uma optimista. Acho que há sempre tempo.

Que chegará o tempo certo em que as nossas preocupações vão abrandar. O tempo da harmonia, da calma que combina com a sabedoria e com a experiência. Mas é mentira! Esse tempo nunca chega, desfaz-se nos nossos dedos sem darmos por isso. Depois de uma tempestade, talvez não exista bonança.

Em apenas três semanas, a Cristina teve um AVC. O lado esquerdo dela recusa-se a obedecer-lhe. A Ana Margarida está em coma induzido. Um aneurisma derrubou uma mulher que nunca ninguém viu derrubada. A Eunice, tão frágil e bonita, espera um veredicto oncológico e o Frederico perdeu o irmão num atropelamento fatal.

Agora que sabemos tanto sobre a saúde, temos, todos os dias, que aprender com a dor e com a perda. E este é apenas o meu pequeno e reduzido universo de amigos e familiares. E o seu? Por estes dias, invejo aqueles que têm a graça da Fé. Gostava de saber confortar melhor, queria ter a capacidade de dar mais com as palavras certas  e com os gestos que não magoem mais aqueles que já sofrem . Gostava de ter o conhecimento necessário para não ter medo da dor dos outros. Porque sei que um dia será a minha.

Desculpem se pareço sombria ou negativa. Mas estar de Bem com a Vida é, para mim, também, a lucidez da brevidade da nossa inocência.

 

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