“Neste trabalho, eu não tenho que escolher entre o meu filho e o meu emprego”, Cristina Perfeito.

Conciliar a família com a vida profissional ainda é um desafio para muitas mulheres. O Governo define licenças parentais, dispensa para amamentação, subsídio por doença de familiar… Mas depois há tudo o resto. Na prática, as coisas nem sempre estão oleadas e em muitos postos de trabalho, ainda há quem olhe de lado uma ausência mais prolongada pelo ataque da varicela lá em casa.

Pois, se queremos falar de boas práticas laborais, vamos aos bons exemplos: elas são mulheres com filhos pequenos e têm chefes homens, os primeiros a “mandá-las” para casa assim que pressentem que algo não está bem. Elas contam tudo:

Anabela, 42 anos, trabalha na área da comunicação há mais de duas décadas e reconhece que é uma mulher de sorte, por ter tido sempre “chefias compreensivas e acessíveis”. Curiosamente, conta, desde que tem como chefe o Joaquim, encontrou outro tipo de sensibilidade: “a frase ‘a sua prioridade são as suas filhas, vá descansada’ nunca tinha sido verbalizada antes, pelas chefias femininas. Foi um homem a dizer-me isto pela primeira vez. Um verdadeiro feminista”, diz, com um sorriso nos lábios.

“Já aconteceu mais do que uma vez ter de sair inesperadamente por me ligarem da creche, pedindo que fosse buscar a minha filha mais cedo, por estar com febre. Em todos os momentos, ele (o chefe) disse-me que fosse descansada, que cuidar da minha bebé doente deveria ser a minha prioridade e principal preocupação”, recorda. Os prazos dos trabalhos são apertados e a equipa é curta, mas com este tipo de contratempos pessoais, é Joaquim que reage com mais calma. “Transmite-me tranquilidade”, revela. “Acima de tudo traz-me paz de espírito. Essa ausência de sentimentos de culpa é fundamental para o meu bem-estar e reflecte-se numa ainda maior disponibilidade profissional porque sei que, do outro lado, encontro compreensão e abertura para o diálogo”.

O outro exemplo para este tema chega-me da Blip, uma empresa tecnológica com sede no Porto e bem cotada no ranking das melhores empresas para trabalhar. É natural que os colaboradores das organizações de excelência gozem de referenciais de qualidade nesta área? Errado, dizem estudos como este.

 

Já na Blip, a conversa é outra. A empresa faz jus ao título com exemplos como este: Cristina Perfeito (na foto) é Projet Manager e o facto de trabalhar em regime open space proporciona que o chefe ouça também as preocupações pessoais dos seus colaboradores. Recentemente, a filha de Cristina ficou duas semanas em casa, doente. Na primeira, a avó conseguiu dar apoio, na segunda, o  chefe Rui implementou o lema da empresa, “primeiro as pessoas”, e sugeriu a Cristina que trabalhasse de casa.

Em dias de consulta ou imprevistos, basta avisar. Dispensam-se os papéis e a burocracia das declarações. Aqui não se pica o ponto, como no anterior posto de trabalho de Cristina. A colaboradora sabe por isso dar o valor: “Não tem preço. Neste trabalho, eu não tenho que escolher entre o meu filho e o emprego”.

A compensação vem a seguir: Cristina não é obrigada a ir de portátil para casa e despachar emails à noite, mas fá-lo com todo o gosto e prazer. Adianta trabalho e “paga” o que não tem preço.

"Neste trabalho, eu não tenho que escolher entre o meu filho e o meu emprego", Cristina Perfeito. blip-site

Na Blip, os colaboradores conseguem conciliar vida profissional e pessoal

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