Chico Buarque: a primeira entrevista que fiz em televisão

Chico Buarque vence Prémio Camões 2019

Chico Buarque. O romancista. O poeta. O vencedor do prémio literário mais importante da língua portuguesa. O compositor. O intérprete. A minha primeira entrevista em televisão.

Parabéns Chico Buarque. Que prémio tão merecido!

Eu tinha 19 anos. Chico Buarque tinha 37. Um homem encantador. Chico estava em Portugal a propósito de O Grande Circo Místico, um espetáculo musical que juntava grandes nomes em palco e que esgotou o Coliseu dos Recreios. Foi um sucesso. Pelas canções – recordo-me especialmente de duas, célebres, Beatriz e A história de Lily Braun. E sobretudo pela festa em palco, pela alegria e espírito de entreajuda que os brasileiros levam ao palco quando se juntam para cantar.

Sublime mas um espetáculo muito complexo, apercebi-me na altura, naquela que foi a minha primeira entrevista em televisão, para o programa de música “Estamos Nessa” (RTP).  A primeira entrevista da minha vida, da minha carreira.

Chico “ensinou-me” depois a trautear Anos Dourados (Me vejo a teu lado / Te amo? / Não lembro / Parece dezembro /De um ano dourado /Parece bolero / Te quero, te quero). Também sou fã da traição cantada em Mil Perdões – duas músicas que fazem parte da minha playlist.

E também defendo, com toda a minha paixão e convicção literária, que este homem é acima de tudo um grande poeta. Há provas e pistas em todo o seu caminho. Mas diria que a maior está em Budapeste, o lugar-metáfora onde ele, ao que consta, nunca foi, mas escreveu um romance que cruza Budapeste e Rio de Janeiro, de uma forma que… só  quem sabe cruzar poesia e prosa. Como Chico Buarque.

“Não estamos a premiar o músico. Estamos a premiar o homem da literatura”, disse ao jornal Público, Manuel Frias Martins, que presidiu à reunião do júri que atribui o Prémio Camões a Chico Buarque.

Sobre o Prémio Camões
Foi estabelecido por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”. O Prémio tem o valor de 100 mil euros e foi atribuído, pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.

 

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