“Obrigado por nunca terem deixado de me procurar”, Javier Darroux Mijalchuk, a 130º criança que desapareceu na “Guerra Suja” da Argentina

Avós da Praça de Maio encontram a 130º criança raptada durante a ditadura argentina

Javier Mijalchuk  tinha quatro meses quando o seu pai e a mãe, grávida, foram sequestrados por agentes secretos da Argentina. Mais tarde, foi adotado por uma família que desconhecia o seu histórico. Javier contou à imprensa que as dúvidas quanto à sua identidade levaram-no a procurar as Avós da Praça de Maio. Ontem, Javier tornou-se a 130º criança a ser encontrada e agradeceu ao tio, Roberto Mijalchuk, o facto de este nunca ter desistido de o procurar. Desde há 40 anos. Javier referiu que foi abraçado pelo tio como nunca ninguém antes o abraçou. Javier quer agora encontrar o irmão e saber mais informações sobre o que aconteceu aos pais.

Milhares de pessoas desapareceram na Argentina entre 1976 e 1983, o período que ficou conhecido como a “Guerra Suja” no país.
Em março de 1976, as Forças Armadas apoderaram-se do regime e deram início ao “Processo de Reorganização Nacional”, na sequência do qual desapareceram 30 mil pessoas, vítimas de tortura, rapto, e várias centenas de bebés foram sequestrados ou nasceram em cativeiro. Algumas crianças foram entregues a militares, outras vendidas, outras abandonadas. A nenhuma destas crianças foi permitido conservar a identidade e a família.

As Avós da Praça de Maio são resultado deste episódio trágico da história argentina. Começaram a investigar as adoções nesta altura, procuraram orfanatos e pesquisam tudo o que está relacionado com crianças nascidas naquele período. “Se nasceste entre 1975 e 1980 e tens dúvidas quanto às tuas origens, podes ser um dos netos que estamos à procura”, apelam no site Abuelas.org.

Estas avós são hoje uma organização não governamental que persistem no objetivo que as juntou em 1977: “localizar e restituir às suas legítimas famílias todas as crianças desaparecidas na última ditadura argentina”.

As Avós que, outrora, marcharam na Praça de Maio, continuam à procura destas crianças, hoje adultos, também com o intuito de que nenhuma terrível e semelhante violação dos direitos das crianças volte a repetir-se.

Estela de Carlotto, atualmente a presidente da organização, reencontrou-se com o seu neto desaparecido em 2014.

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