Em Paris, “anarquia nas estradas”, alerta o jornal Independent.
O que parecia ser uma boa solução de micromobilidade tem vindo a revelar-se uma dor de cabeça para automobilistas, transeuntes e entidades como PSP e autarquias que recebem o acumulado de reclamações relacionadas com estes aparelhos elétricos. Trotinetes mal estacionadas, acidentes e mortes fazem disparar o alarme na cidade.
Em 2018, a PSP regista duas mortes e 1.180 acidentes rodoviários envolvendo bicicletas e trotinetes (mais 54 do que em 2017).
Recentemente, nas redes sociais, foi a vez da atriz Marta Melro mostrar os hematomas nas pernas após o embate com uma trotinete. Há cerca de uma semana, Nilton partilhou as imagens do carro de um amigo, destruído por ter “acasalado” com uma trotinete.
“Um amigo acordou com uma Trotinete a acasalar com o Smart dele. Escusado será dizer que ninguém se responsabiliza e terá de ser ele a pagar por esta noite de farra. Assim como ninguém parece responsabilizar-se pelas pernas partidas (conheço um caso de uma pessoa que levou com uma em cima no passeio), e todos os atropelos que acontecem todos os dias com a invasão desta praga em Lisboa”, disse Nilton na sua página de Facebook.
Toda a gente já tem um amigo de um amigo que sofreu na pele a invasão de trotinetes. Falta segurança e falta regulamentação. Temas fortes da campanha de prevenção contra o “flagelo” da sinistralidade nas estradas portuguesas: “Estrada e Consequência”. Esta campanha foi lançada no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) e partilha testemunhos reais de pessoas que viveram “o drama de um acidente e que passaram por difíceis processos de reabilitação” no CMRA, da Santa Casa da Misericórdia. Algumas delas ficaram com marcas para o resto da vida.
O número crescente de utilizadores também ajuda a explicar o aumento de acidentes. Mas o assunto não fica por aqui. Uma das últimas notícias do jornal Independent tem como título: “anarquia nas estradas”.
Entre os entrevistados lesados pela circulação de trotinetes, está Isabelle Vanbrabant. Em declarações ao jornal, conta que este aparelho colidiu consigo quando caminhava pelo parque, a caminho de casa. A pianista do Opera de Paris partiu o pulso e ficou impedida de tocar.
“O passeio deixou de ser um lugar seguro para os transeuntes”, diz. “Na noite em que fui ao hospital, havia outros 10 acidentes nas urgências motivados por trotinetes”.
Desde Junho 2018, altura em que a Lime (operadora de Trotinetes) entrou em Paris, já existem mais 11 concorrentes e mais de 20 mil aparelhos.
A Lime, segundo refere ao Independent está focada em divulgar medidas de utilização/circulação responsável. Falta, contudo, regulamentação, queixam-se os parisienses.
Em Londres, por exemplo, as trotinetes estão proibidas por lei nas estradas, embora os responsáveis do departamento de mobilidade do governo já tenham chamado a atenção para as “novas tecnologias de transporte, mais limpas e económicas”.
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