Júlia Pinheiro Dia 1 - Isolamento

#FicaremCasa 1

Sexta-feira, dia 13 de Março, saí dos estúdios da SIC e fechei-me em casa. Passou o fim-de-semana.
Hoje é segunda-feira, o primeiro dia de um período de trabalho. E eu mantenho-me em casa. Não saí uma única vez. As poucas compras de supermercado para o meu reduzido agregado familiar são asseguradas pelo meu marido. Foi assim decidido, em conclave doméstico. Apenas um de nós sairá à rua e ele foi o escolhido porque ainda não está em regime de teletrabalho.

Os filhos encontraram as suas soluções. São responsáveis e vigilantes. Estamos em contacto permanente, vigiando os mais velhos e os mais novos. E estamos bem. Sempre atentos às notícias, partilhando informação, carinho e ânimo. E aqui estou, serena e vigilante. Num silêncio bem-vindo, porque é preciso esvaziar os sentidos de ruídos supérfluos. Sei que neste tempo novo, vou reflectir e começar a construção urgente da minha identidade de mulher madura, tão perto de ser uma sexagenária. Este é o momento de deixar o tempo pousar em mim. E abraçá-lo. Destes dias de susto, tenho que guardar a tranquilidade que os meus precisam e recolher nas cordas do meu íntimo, as palavras certas que me levarão às histórias que quero contar. Deste tempo sem horas vai sair um livro. Ou dois. E sei, na minha proveta idade, que também isto passará.

Tarefas para segunda-feira
– Cozinhar
– Arrumar
– Pensar
– Ler
– Escrever
Não sei se um dia chega para isto tudo.
Amanhã, dou notícias. De casa!

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