Ambulâncias no Hospital Santa Maria

COVID-19: “Quando vi as filas de ambulâncias na TV, saí de casa e fui ajudar. Assim nasceu este movimento de ajuda”, Lina Lourenço, técnica superior, Almada, 4 filhos

Ontem à noite, quarta-feira, quando Lina Lourenço ligou a televisão e viu a fila de ambulâncias no Hospital de Santa Maria, sentiu um desespero que a levou às redes sociais para deixar o seguinte apelo: ”
COVID-19: "Quando vi as filas de ambulâncias na TV, saí de casa e fui ajudar. Assim nasceu este movimento de ajuda", Lina Lourenço, técnica superior, Almada, 4 filhos apelo

Entre os comentários e as partilhas, surgiram de imediato ofertas de mantimentos e até uma vizinha de Lina, que se prontificava a ir para a cozinha àquela hora da noite fazer uma grande panela de sopa. Continuava a faltar alguém disponível para sair de casa, recolher os bens que a comunidade de amigos, e amigos de amigos, tinham retirado das despensas, e partir rumo a Santa Maria. Lina sentiu então que não podia continuar no sofá. O marido, já acostumado ao facto de ter casado uma “mulher de ação”, ficou a tomar conta dos quatro filhos e, às 23 horas, Lina chegou ao Hospital. “Não iria conseguir dormir com aquelas imagens na cabeça”. Estavam 14 ambulâncias em espera, todas elas com doentes COVID-19, a maioria idosos, conta. “Fui de ambulância a ambulância, com todos os cuidados de desinfeção, distribuir comida e bebidas individuais. Era um cenário muito triste. Uma ambulância que aguardava ali há 8 horas tinha um bombeiro jovem, estava há 72 horas a trabalhar”.

Na manhã seguinte, Lina criou um grupo de facebook chamado Ajuda – Covid 19. Tem já quase 100 pessoas, todas a contribuir com alimentos para os bombeiros e equipas que aguardam horas e horas nas filas, à porta dos hospitais. “O objetivo é apoiar mais bombeiros e ambulâncias em outros hospitais. É para isso que estamos a juntar pessoas”, conta.

Hoje, quinta-feira, é a segunda noite que Lina sai de Almada com destino ao Hospital de Santa Maria: “Hoje levamos 150 sandes, graças ao apoio de uma padaria, mais bebidas, mantas e outros bens aos quais os bombeiros não têm acesso durante a noite”. Amanhã é dia de trabalho, pois Lina está em teletrabalho. Vai custar acordar cedo, mas Lina garante que custaria mais ficar em casa.

Lina Lourenço faz parte das mães/pais que subscreveram a petição “contra a obrigatoriedade das aulas presenciais, em tempos de pandemia”. A petição foi chumbada mas Lina Lourenço mantém os quatro filhos no ensino à distância deste março: “eu previa uma evolução complicada da pandemia e, infelizmente, tinha razão”.

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