Dia do Cão
Aos sete meses de gravidez, aconteceu algo estranho. Isabel, enfermeira, estava atenta aos sinais da gestação pelo facto de a sua gravidez ser de risco. As ecografias semanais destinavam-se exatamente a controlar eventuais distúrbios. Nessa semana, na véspera da ecografia, a Matilda – a cadela que sempre acompanhara de perto toda a maternidade, mantendo-se deitada junto à cama onde repousava a dona, dias a fio -, afastou-se inexplicavelmente. Isabel continuava a chamá-la, mas a Yorkshire, nesse dia, desviou o olhar “como que em sofrimento”, conta Isabel.
“Alguém a foi buscar e colocaram-na junto a mim, mas a Matilda teve uma reação inesperada e empurrou ligeiramente a barriga com a sua patinha. Fiquei confusa e juntei este episódio à redução de movimentos que pressentia da parte da bebé. Como era véspera de ecografia, decidi aguardar. E no dia seguinte, o médico referiu que era necessário observar melhor, mas que o faria na ecografia da próxima semana. Eu sou uma pessoa tranquila e calma. Mas decidi ligar à minha médica e contar o que se tinha passado, assim como a reação estranha da minha cadela. Hoje estou grata à minha médica, por me ter dado ouvidos. Na altura, pediu-me que fosse de imediato ter com ela. E nessa mesma tarde, nascia, prematura e com cesariana de emergência, a Beatriz, sem vida. A Beatriz nasceu sem vida, teve que ser reanimada e hoje é uma criança linda e saudável de 15 anos. Quando nasceu, comoveu a sala de partos: tinha uma manchinha na barriga, exatamente a figura de uma patinha de cão, um sinal que ainda tem e que foi sendo alterado com a idade”.
A Matilda acompanhou Beatriz até ao ano 2012. “A sua partida custou-me muito”, recorda ainda hoje Isabel, com saudade e comoção por tudo aquilo que a Matilda ainda hoje representa.