Teste aqui os seus conhecimentos sobre um dos músculos mais complexos do corpo humano: o músculo cardíaco (coração).
“A app do meu telemóvel é tão fiável quanto os equipamentos para medir a pressão arterial”
Verdadeiro ou falso?
A Instant Blood Pressure app esteve, de facto, durante meses no ranking de apps para iPhone e, embora já não se encontre disponível para venda, está instalada em muitos smartphones. Mas não a use. Aliás, não use nenhuma app para este efeito a partir de um telemóvel, aconselha a Universidade de Harvard. Segundo um texto publicado no reconhecido JAMA Internal Medicine, estas apps não são fiáveis.
“Os meus níveis de colesterol estão bem. Por isso, não vale a pena fazer mais análises para avaliar a saúde cardíaca”
Verdadeiro ou falso?
Os seus níveis de colesterol estão normais. Ótimo. Mas não chega para avaliar o risco de doença cardíaca. Se já tem os valores do colesterol, peça também os da proteína C-reativa, considerada um importante marcador de inflamação associada ao risco de doença cardíaca, ataque cardíaco e AVC. Existem, na verdade, estudos que defendem que o teste à proteína C-reativa é até mais exato na deteção destes riscos do que as próprias análises ao colesterol. A proteína C-reativa é medida através de uma recolha de sangue e pode ser solicitada ao mesmo tempo que os valores do colesterol.
“O que mais influencia os níveis de colesterol é a quantidade de colesterol que ingerimos na alimentação”
Verdadeiro ou falso?
Continua a ser importante controlar os alimentos com níveis elevados de colesterol (sobretudo para quem sofre de diabetes), mas o que mais influencia os níveis elevados de colesterol no sangue é, sim, a mistura de gorduras e de hidratos de carbono que consumimos através da dieta. Perante uma dieta rica em gorduras saturadas e gorduras ‘trans’, o nosso fígado vai produzir mais colesterol. Palavra de Walter Willet, reconhecido investigador da Universidade de Harvard. Ou seja, o colesterol não é um inimigo a abater: na verdade, o corpo precisa de colesterol para produzir estrogénio, testosterona e vitamina D. O ‘truque’ é mantê-lo debaixo de olho: regra geral, quanto mais baixo o LDL e mais elevado o HDL, melhores as hipóteses de prevenção.
“As doenças cardíacas afetam homens e mulheres da mesma maneira”
Verdadeiro ou falso?
As doenças cardíacas afetam o sexo feminino e o sexo masculino de formas muitos diferentes. Tudo começa nos sintomas! Um estudo publicado em 2003 no jornal Circulation examinou os sintomas experienciados por 515 mulheres antes de terem um ataque cardíaco. Os investigadores descobriram que, pelo menos um mês antes do episódio, 70% das mulheres experimentaram fadiga incomum e 50% fraqueza, distúrbios do sono ou falta de ar. E 43% das mulheres não sentiram dor no peito. Ainda que atípicos, a náusea e a indigestão podem ser sintomas que advinham um ataque cardíaco, bem como dor ou desconforto em um ou em ambos os braços, na mandíbula, no pescoço ou nas costas. Rita Redberg diz que, em média, os homens têm propensão a sofrer ataques cardíacos com 10 anos de antecedência em relação às mulheres. Enquanto a média de idade para o sexo masculino é 50 anos, para o sexo feminino é 60. Esta diferença pode dever-se ao estrogénio, que tem um papel complexo na prevenção de doenças do coração, ainda que este não seja plenamente compreendido.
“Sou demasiado novo para me preocupar com doenças cardíacas”
Verdadeiro ou falso?
Independentemente da sua idade, todo o seu historial afeta a possibilidade de vir a ter doenças cardíacas. Desde cedo − tão cedo como a infância ou a adolescência −, matéria gorda pode acumular-se nas artérias, acabando por bloqueá-las. A obesidade, a diabetes tipo 2 e outros fatores de riscos são cada vez mais comuns entre pessoas jovens. Em 2010, a Direção-Geral da Saúde registou em Portugal, em pessoas entre os 15 e os 49 anos, 150 mortes por razões relacionadas com o colesterol elevado, 300 relacionadas com a hipertensão arterial e 250 por doença isquémica do coração. Segundo Luís Belo, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e líder do projeto Genetic predisposition versus the effect of regular physical exercise on circulating adipokine levels in obese Portuguese adolescents, além dos fatores ambientais, como a má alimentação ou o sedentarismo, “a contribuição genética para o desenvolvimento da obesidade é já amplamente reconhecida” e a investigação aprofundada dos genes envolvidos “pode ajudar a identificar indivíduos que apresentam riscos aumentados e que podem beneficiar mais de uma intervenção mais precoce e intensa”.
“Se sofresse de algum problema de coração, teria sintomas”
Verdadeiro ou falso?
Nem por isso. A maioria dos fatores de risco é silenciosa e não comporta sinais óbvios associados. A pressão arterial elevada é chamada de “assassina silenciosa” porque é habitualmente descoberta quando está num estado avançado: quando se manifestam dores de cabeça, insuficiência renal ou, pior, ataque cardíaco, enfarte, danos nos rins e em outros órgãos. Se chega a esta fase, já é na maioria dos casos irreversível. O mais provável é que o seu corpo nunca o avise com antecedência suficiente e o tratamento precoce é crítico. Ter controlo sobre este importante indicador de saúde é tão simples como realizar um teste de pressão arterial na sua farmácia local ou com o médico de família. O mesmo acontece com os níveis do colesterol, de fácil exame. As pessoas podem ser elegantes, acharem que estão em boa forma física, e no entanto terem colesterol e tensão arterial elevados.
“Não posso fazer exercício depois de um ataque cardíaco”
Verdadeiro ou falso?
Haverá muitas tarefas que não pode desempenhar na sequência de uma doença cardíaca. Mas o exercício não é uma delas. Porquê? “Após um ataque cardíaco, o doente passa geralmente a tomar medicação para a pressão arterial e para o colesterol, mas há possibilidade de reduzir essa medicação ou mesmo eliminá-la com a prática regular de exercício físico”, refere Deborah Rohm Young, especialista da Associação Americana do Coração. A caminhada é o principal exercício recomendado, sugerindo-se para os iniciantes breves percursos de 3 a 4 minutos intercalados por intervalos de dois. Acrescente-se ao plano o treino de força: em www.strokeassociation.org, a Associação Americana do Acidente Vascular Cerebral (AVC) partilha a experiência de Tom Wisenbaker, que há mais de 15 anos usa treino de força em pessoas que sobreviveram a AVC. “Estamos sempre a receber pacientes que não acreditam ser possível conseguirem mexer a anca ou a cintura, mas que, com o treino adequado, acabam por fazê-lo, muitas vezes em apenas 20 minutos.”