“Apesar de termos perdido a nossa querida mãe cedo demais, aprendemos com ela o sentido prático da vida”

 

O meu objetivo de vida sempre foi ser feliz.

Pode parecer clichê, mas é, efetivamente, a felicidade que me move. E sei exatamente porquê.

Recuo trinta anos e tenho memórias tão vivas que às vezes me pergunto se serão fruto da minha imaginação. Não são. São reais. Cresci com a noção de que as coisas mais simples da vida são as mais importantes. São as que nos trazem felicidade.

Cresci numa casa cheia de mulheres. Mulheres de força. Mulheres com muito valor.

Apesar de termos perdido a nossa querida mãe cedo demais, aprendemos com ela, eu e as minhas irmãs, o sentido prático da vida. Viver um dia de cada vez, sermos gratas e não ter qualquer tipo de pudor em mostrar aquilo que sentimos. Quis o destino reforçar aquilo que a mãe nos ensinava.

A minha mãe morreu, vítima de cancro, aos 37 anos.

Foi difícil, muito difícil… Mas cá estamos hoje, 24 anos depois, a viver um dia de cada vez, a ver sempre o lado bom das coisas e sem medo de mostrar o quanto nos amamos. Obrigada, Mãe.

Aprendi com a minha irmã mais velha, Petra, o espírito de sacrifício, a transformar a vulnerabilidade em força e obstinação. Atleta olímpica, médica, mãe dedicada e extremosa. Um exemplo de vida. O meu exemplo de vida. Quem me dera, um dia, ser metade do que ela é!

Aprendi com a minha irmã mais nova, Sara, a cuidar, a proteger e sobretudo o delicado dever de encaminhar e de mostrar que às vezes o caminho mais fácil não é o que devemos seguir. Fez-me descobrir cedo o Amor incondicional.

Não posso deixar de falar nas duas mulheres que nos fizeram conviver diariamente com o altruísmo, fazendo com que esta virtude fosse inerente à nossa personalidade e forma de estar na vida. A minha avó materna e uma tia-avó. Após a morte da minha mãe, viveram connosco de forma a ajudar o meu pai, que estava obviamente fragilizado e que tinha de trabalhar para todas nós. Duas mulheres incríveis que dedicaram o resto das suas vidas a fazerem de mim e das minhas irmãs as mulheres que a nossa mãe gostaria que fôssemos. Bem sei que este texto é dedicado às mulheres da minha vida. Mas esta breve passagem pela minha história não ficaria completa se não fizesse referência àquele que fez por nós tudo o que podia. Viveu para nós e por nós. Nunca desistiu. Tem a sensibilidade que muitas mulheres não têm.

Esteve em risco de vida duas vezes e recuperou porque não nos podia abandonar. Essa é a nossa maior certeza. O nosso pai está e sempre esteve, nesta caminhada, de mão dada connosco. Aconteça o que acontecer, temos sempre o colo do pai.

Hoje sou mãe, e sinto que nada do que passei foi em vão. Todas as adversidades nos fazem crescer e, sobretudo, tornam-nos mais fortes. Tenho muita sorte por ter vivido e por ainda viver rodeada por estas pessoas que se movem por Amor.

Hoje, entendo perfeitamente a minha mãe. Descomplico a vida.

E com a chegada da mais recente mulher da minha vida, a minha filha Pilar, aproveito todos os segundos de cada dia e sou tão grata por poder amá-la incondicionalmente.

Diana Chaves,

Apresentadora de televisão

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