A opção de Cláudia Catorze

A opção de Cláudia

Cláudia tomou a vida pelas rédeas e decidiu fazer tratamentos de fertilidade: tem duas crianças.

Cláudia encara o trabalho numa companhia aérea da mesma forma que encara a vida. Decidiu que não iria desistir da vontade de ser mãe, vontade que não se abatia nem com o facto de não ter um parceiro. Na altura, não se podia recorrer sozinho a técnicas de fertilização em Portugal enquanto solteira, algo que mudou no dia 17 de novembro de 2016, quando foi aprovada a regulamentação que garante o acesso de todas as mulheres à Procriação Medicamente Assistida (PMA).

“Queria ser mãe e estava sozinha. Não era permitido por lei em Portugal esse procedimento sem um acompanhante homem, e eu, já quase com 40 anos, não hesitei e fui à nossa vizinha Espanha.” Como Cláudia diz, foi à luta, e nunca se arrependeu da decisão: “Sou mãe e pai, e, com ajuda das poucas pessoas que nos rodeiam e amam muito, nós temos uma vida boa e com amor.”

Foi só em 2015 que vizinhos e companheiros de creche se inteiraram da proveniência dos seus dois filhos, gémeos. Pensavam que seriam de um pai que teria deixado Cláudia entretanto, ou de uma adoção no estrangeiro. Encontrou problemas mesmo com profissionais de saúde, que recusaram seguir o protocolo do tratamento a uma gravidez com uma mãe sozinha de, na altura, 41 anos de idade, com pai anónimo e sigiloso. “Nem sempre somos aceites, mas grande percentagem das vezes a resposta é positiva.”

No entanto, os gémeos nunca estranham a falta de um pai. “Nunca perguntaram pelo pai, porque sempre lhes fui dizendo que a mamã quis tanto tê-los que é mamã e papá.” Entretanto, a educação é um grande fator na aceitação de famílias diferentes entre si. “Na escola, a professora sempre reforça que as famílias não são todas iguais e que nem sempre há papá e mamã, muitas vezes só um deles ou dois iguais. Nesse ponto, [os gémeos] entenderam bem, porque também não conheceram outro tipo de família intimamente.”

(foto: banco de imagem)

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