A poetisa carioca Maria Rezende chega a Portugal para apresentar a sua última obra. “Carne do Umbigo” é a ocasião da sua digressão europeia.
Falámos com Maria antes de a sua peça ser apresentada em Lisboa, no Bartô, dia 17 de Maio, e no Café do Largo, dia 19 de Maio. Segue-se o Porto no dia 18 de Maio no Espaço Mira, e Ovar no dia 20 de Maio na Casa do Povo.
A Maria Rezende está agora no Douro em férias. É a primeira vez que visita o Douro? O que mais gosta no Douro?
Sim, é a minha primeira vez, e estou encantada! Vim de férias com minha família antes de começar a “turnê” do espectáculo. Era um desejo antigo do meu pai viajarmos todos juntos. E não poderíamos ter escolhido destino melhor! Alugamos uma casa linda na cidade de Pinhão, bem ao lado de uma aldeia bem pequenina chamada Casal de Loivos. Saímos para caminhar na beira do Rio Douro todas as manhãs, passeamos de barco e aprendemos bastante sobre a cultura vinícola. Almoçamos na Quinta do Pôpa, uma quinta adorável que ganhou esse nome em homenagem ao pai do dono, que nos recebeu e nos contou tudo sobre a história da família e dos seus vinhedos. Eu já conhecia Lisboa e a região da Serra da Estrela. Sou montadora de cinema e viemos fazer um filme chamado “Meu passado me condena” aqui em 2014, mas posso dizer que o Douro roubou o meu coração.
Carne do Umbigo – pode apresentar-nos este espetáculo?
Eu aprendi a dizer poemas dos grandes poetas da língua portuguesa antes de começar a escrever. A poesia falada está na raiz da minha escrita e o palco é onde eu me sinto mais à vontade. Até agora eu sempre tinha feito recitais, eu sozinha em cena a receitar poemas. Apresentei-me assim pelo Brasil e também em Portugal, onde estive em 2013 em Lisboa e Vila Nova de Famalicão.
“Carne do Umbigo” é a realização de um desejo antigo de ir além, sair dessa zona de conforto. É um espetáculo, com cenário de fotos em projecção, com figurino, ambientação e os video-poemas que eu faço há anos. Só eram exibidos no meu canal do youtube, “mariadapoesia”. O espectáculo tem o nome do meu terceiro livro mas tem poemas de toda a minha obra. É um apanhado de tudo que eu sei fazer de melhor, literatura e audiovisual. A estreia no Rio de Janeiro foi óptima e eu não poderia estar mais animada para chegar com ele a Portugal!
Celebrante de Casamentos com Poesia. É uma ideia inédita (em Portugal, pelo menos). Como nasceu a ideia? Em que consiste? Pode falar-nos de um dos casamentos mais marcantes que já tenha celebrado com poesia?
Eu já tinha duas profissões: poetisa e montadora de cinema e tv. A terceira veio por acaso: celebrante de casamentos. É uma coisa que eu faço há mais de dez anos informalmente. Para os amigos que não queriam nada religioso ou muito formal, como se fosse um “juiz de paz”. Uma das minhas amigas, a Manoela Cesar, criou um blogue para aconselhar dicas de casamento e indicou-me como celebrante. O blogue “Colher de Chá Noivas” tornou-se uma referência nesse mercado. E o que era um carinho entre amigos “virou” trabalho. Hoje eu tenho a Casar com Poesia (casarcompoesia.com). Vivo o privilégio de entrar na intimidade de casais que não conhecia antes e de celebrar o amor deles, com a poesia como costura.
Nós fazemos um encontro presencial ou por skype (quando o casal mora fora do Rio ou do Brasil, porque eu faço também cerimónias bilingues português-inglês), pensamos em conjunto os detalhes da cerimónia, e eu fico assim a conhecer o estilo de cada um. Depois eles enviam-me, separadamente, textos a contar a sobre a sua história e a partir disso eu preparo um texto especial. A novidade é que agora em junho eu e Manoela estaremos juntas em Portugal no evento Weddinglab Rio-Lisboa, que vai conectar profissionais e casais brasileiros e portugueses em Lisboa em junho! Quem quiser mais informações pode entrar em colherdechanoivas.com
