O segredo da longevidade está na digestão?

Estudo revela segredo dos centenários saudáveis

O aumento da permeabilidade intestinal causa inflamação associada a doenças responsáveis por morte precoce.

Este estudo internacional acaba de ser publicado na revista científica Aging & Disease e um dos autores é português – o investigador Pedro Carrera Bastos. Pedro Bastos refere que “esta investigação salienta a importância de cuidar do intestino para viver mais anos de vida com saúde”.

O estudo foi publicado dia 06 de Julho na revista científica Aging & Disease por uma equipa de cientistas de Espanha, Itália, Suécia e Portugal. Os investigadores tinham como objetivo estudar a possível associação entre dois marcadores de permeabilidade intestinal – a endotoxemia e a zonulina – e o envelhecimento saudável.

Avaliaram um grupo de centenários saudáveis isentos de doenças e da toma de fármacos. Estes apresentam uma permeabilidade intestinal menor do que jovens que já sofreram um episódio de enfarte de miocárdio.

O que é a permeabilidade intestinal?

A permeabilidade intestinal refere-se à passagem de substâncias (por vezes com efeitos adversos) dos intestinos para a corrente sanguínea. E “este estudo vem mostrar a importância de manter uma barreira intestinal íntegra ao longo do tempo. 

Uma dieta inadequada, o consumo excessivo de álcool, a desidratação, o uso abusivo de anti-inflamatórios, entre outros fatores, comprometem essa barreira intestinal. Pode resultar na inflamação que conduz a doenças associadas a uma mortalidade precoce, como um enfarte de miocárdio”, refere Pedro Bastos, investigador português, atualmente em Doutoramento na Universidade de Lund, Suécia.

A Zonulina é uma das principais proteínas envolvidas na manutenção da integridade da barreira intestinal. Níveis elevados desta proteína no sangue constituem um marcador de permeabilidade intestinal. E foi justamente isso que este estudo observou em jovens que já tinham experienciado um enfarte. Os homens e mulheres centenários apresentavam níveis séricos de zonulina significativamente mais baixos. “Sugere que manter uma barreira intestinal íntegra pode ser segredo da longevidade”, diz Pedro Bastos.

Um segundo marcador analisado neste estudo foi a endotoxemia. Um dos mais importantes fatores de risco para a endotoxemia é a permeabilidade intestinal aumentada. A endotoxemia resulta da absorção para a circulação de um endotoxina. É um composto existente em bactérias que habitam, por exemplo, o intestino. Nesta investigação, os níveis séricos de endotoxina eram menores nos centenários estudados. Isto, em comparação aos jovens que já tinham experienciado um enfarte e jovens saudáveis sem doenças aparentes.

A endotoxemia pode causar inflamação crónica. Esta, por sua vez, pode levar à diabetes, AVC e enfarte de miocárdio. São causas de mortes prematuras na maioria dos países do mundo.

É importante distinguir envelhecimento de envelhecimento saudável. Este estudo traz pistas sobre qual será o possível caminho de longevidade com saúde. Esta investigação carece, porém, de confirmação por outros estudos”, refere o investigador Pedro Bastos.

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