Da farmácia para a vinha - negócio

Da farmácia para a vinha

Trocou as ciências farmacêuticas pela indústria vinícola e o Porto por Vila Real. Na bagagem, levou o desejo de dar continuidade ao negócio da família e a vontade de proporcionar a partilha de pequenos mas bons momentos em torno de uma garrafa de vinho.

Há vocações que chegam mais tarde e outras que nunca nos apercebemos de que as temos. No caso de Patrícia Alves de Sousa, a situação não foi imediata. Desde pequena que teve uma mente muito inquisitiva. A curiosidade e o saber levavam-na para diversas áreas. Adorava escrever, mas a matemática “exercitava-lhe” a mente. Vibrava com as acrobacias que fazia nas aulas de ginástica, mas o laboratório também chamava por si. Quando chegou a altura de escolher aquilo que queria seguir, acabou por se licenciar em ciências farmacêuticas.

Mas, 13 anos depois de ter abraçado, como diz, de corpo e alma a profissão de farmacêutica, houve a necessidade de algo mais. Houve a necessidade de mudança. “Apesar de ter gostado imenso do que tinha feito até àquela altura, havia-se encerrado um ciclo. Com vinhas na família há cerca de cinco gerações − o meu pai era produtor e engarrafador de vinhos do Douro e do Porto há cerca de 25 anos −, o apelo da família, da vinha e do vinho começou a falar mais alto.”

Não foi, contudo, uma decisão fácil, revela. “Eu vivia no Porto com o meu marido e os meus filhos. Tínhamos empregos estáveis, e ingressar na empresa familiar acarretava imensas mudanças, nomeadamente mudar do Porto para Vila Real. No entanto, a vontade de ajudar a cimentar e expandir o negócio familiar foi superior a todos os receios.” Assim, da mesma forma que o seu pai havia feito quando ela tinha 14 anos, Patrícia “agarrou” na família e mudou-se para Vila Real rumo a uma nova etapa.

Perpetuar o legado da família

O vinho e a vinha tornaram-se numa paixão e hoje são a sua vocação. Concentrada sobretudo na área financeira, de organização e gestão da empresa, a antiga farmacêutica tem como próximos objetivos aumentar os seus conhecimentos na área vinícola, bem como perpetuar e incrementar o legado, que tem sido o projeto de vida do seu pai e que se tornou também no seu próprio projeto.

Não será, portanto, de admirar que Patrícia eleja como um dos momentos mais felizes da sua vida profissional todos aqueles em que sente que está a dar um pequeno passo para incrementar e perpetuar o negócio familiar. Mas aquilo que mais gosta e lhe dá verdadeiramente prazer é proporcionar a partilha de pequenos momentos em torno de uma garrafa de vinho: “Sentir que, através de um vinho por nós produzido, conseguimos partilhar um pouco da nossa paixão pelo Douro, pela vinha e pelo vinho traz-me uma satisfação enorme.”

Da antiga profissão, do que mais sente falta é do “contacto com o utente, de sentir que podia fazer algo para melhorar a qualidade de vida de outrem”. Isto apesar de continuar a ter uma relação direta com o público nas diversas feiras e eventos vínicos em que estão presentes e de ser responsável por alguns dos maiores mercados a nível internacional. Ainda assim, a paixão pelos vinhos fala mais alto: “No fundo, a primeira era apenas uma profissão que exercia com prazer; já a segunda, mais do que uma profissão, é uma forma de vida.”

Por isso, para todos aqueles que, independentemente da idade, ainda não encontraram a sua vocação, Patrícia deixa um conselho: “Encarem todos os projetos com responsabilidade e seriedade. Eles servirão de aprendizagem para o que vier a seguir. E não se preocupem: mais cedo ou mais tarde, a vocação vai acabar por vos encontrar”, conclui.

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