Quando estamos em direto, há expressões que somos forçados a disfarçar. Ou seja, em determinadas situações temos que colocar uma máscara para não explodir a rir… ou a chorar.
No segundo caso, uma das notícias que mais me custou a transmitir em direto foi a morte de Emídio Rangel. Soube do acontecimento durante o programa, através da reggie. Emídio, o fundador de um projeto, de uma ideia de televisão. O homem que disse: “nós quisemos a Lua e tocámos-lhe com os dedos”.
Não podia chorar naquele momento. Coloquei a ‘máscara’ possível… E mal terminou o programa, recordo-me de ter saído a correr para o corredor e de ter encontrado a Conceição Lino. Abraçámo-nos a chorar. Foi horrível.
Houve uma outra vez em que me lembro de ter usado a máscara mais resistente que consegui. Apresentava na altura um programa na TVI com o Goucha (Manuel Luís Goucha) – Uma Canção Para Ti. O programa era gravado na Venda do Pinheiro com uma equipa de produção que certo dia resolveu satisfazer o meu desejo por caracóis.
O programa era gravado ao longo de toda a tarde de domingo. Tínhamos a tarde inteira para saborear os caracóis que… lamentavelmente estavam estragados.
Resultado: mal entrava em estúdio, sorria e quando o plano mudava, já eu estava de cabeça enfiada num balde, apoiada por dois socorristas (0brigada àqueles socorristas fantásticos, pela paciência).
O ‘pior’ estava para vir. O convidado desse programa era o Herman José! E, como em todos os programas, eu e o Goucha tínhamos o hábito nos desafiarmos fisicamente (às vezes uma cambalhota, outras vezes rolar no chão… valia tudo para aquele que conseguisse fazer a avaria mais acrobática!), lembrou-se o Herman de me desafiar: ele iria fazer flexões, com a certeza de que suportaria o meu peso em cima dele. Bom… ele não sabia o risco que corria. E eu, ainda hoje, não sei como apresentei aquele programa, do início ao fim.
Moral da história: a intoxicação alimentar foi inesquecível. Nunca mais toquei em caracóis!