*Crónica de Pedro Chagas Freitas
Somos pedaços iguais de mundos diferentes: sentimos sem temer e ainda assim a tremer por todos os lados.
Fazes-me tremer, dançar sobre a lâmina do pecado, num trapézio entre o céu e o inferno – e sei lá eu qual prefiro.
Quando te conheci conheci-te – e quase nunca isso acontece. Raramente conhecemos alguém, tu sabes, passamos tantas vezes pelas pessoas como passamos pelas estradas, não é?
Quero-te como se quer o prazer – e não deixo de te querer como se quer a paz. Contigo nenhuma foda seria em vão – porque seria uma foda densa, com pessoas dentro, entendes? Uma foda humana – e há lá outra foda que valha a pena?
Tudo para te dizer que quando te conheci me conheci. Percebi que era frágil ao que fere. Feres-me com a possibilidade de. Podíamos ser amantes perfeitos, amigos cúmplices, companheiros sem fim. Mas isso seria robótico demais, certinho demais. Somos demasiado orgasmo para tão pouca surpresa.
Um dia talvez sejamos a tal foda perfeita, o tal céu debaixo da lâmina. Nem que seja, lá está, só um dia: só por um dia. E não será menos inacabável por isso, tenho a certeza.
Agora lê estas palavras e faz com isto o que quiseres – e comigo contigo também, já agora.
Sempre aqui.
Eu.