Há crianças com cancro a serem tratadas nos corredores do Hospital de São João no Porto, lado a lado com caixotes do lixo.
A denúncia partiu de um grupo de pais, cansado de reclamar e de esperar por mudanças prometidas que nunca aconteceram. (Refira-se que o Hospital espera há 10 anos por uma ala pediátrica.) Ontem, no Jornal da Sic Notícias, um dos pais de um adolescente oncológico fazia a seguinte pergunta:
“Como é possível que uma criança que acaba de ser operada, sai dos cuidados intensivos numa ambulância que não está limpa, que está cheia de pó, e tem que ir para um quarto de isolamento, quarto esse cuja janela não tem cortina, não está calafetada, e por onde passa frio?”
Os seis quartos de isolamento do Hospital de São João destinados à pediatria oncológica não estão localizados no edifício central. Ou seja, as crianças têm que se deslocar nestas ambulâncias (que segundo os pais, apresentam falta de higiene), estando sujeitas a correntes de ar, entre outras condições climatéricas.
Jorge Pires contava ontem no Jornal que pediu uma reunião com elementos da Administração, aos quais sugeriu uma visita, enquanto utilizadores, aos espaços do Hospital. “Tomaram notas”. Mas nada aconteceu.
Há falta de estacionamento junto aos contentores onde são tratadas estas crianças. Há condições “miseráveis” na pediatria, segundo reconheceu o próprio Presidente do Hospital São João, António Oliveira e Silva. Há falta de verbas, segundo acrescentou também o responsável pelo centro hospitalar.
E vontade para mudar esta situação triste e trágica, há?
