No site Bombeiros24, há uma notícia de partir o coração. Ou talvez de indignação?
“Idoso de 89 anos abandonado mora há 1 mês e meio nas urgências do Hospital de Barcelos”
Há uns três dias, no facebook, deparei-me com um post do ator (muito estimado) Ruy de Carvalho. Perguntava ele: “o que é isto?”. Cliquei. Talvez eu soubesse o que era!
Mas não sei. Não sei que contextos possam justificar uma realidade destas: um idoso de 89 anos que reside nas urgências do hospital de Barcelos há mais de um mês e meio, após vários contactos dos responsáveis do hospital com os familiares, que, segundo a notícia, dão sempre a mesma resposta. “Não querem o idoso de volta”.
Parece que o Ministério Público já foi informado da situação, mas que, até à data, o idoso continua a pernoitar no hospital.
Triste.
Recorde-se que as iniciativas do CDS-PP e do PAN para criminalizar o abandono de idosos nos hospitais foram chumbadas no Parlamento, em fevereiro, deste ano.
Na altura, o PS pronunciou-se quanto à defesa de respostas sociais em vez da criminalização do abandono de idosos. Quem votou contra alegou também que o projeto iria criar um direito penal apenas para os pobres.
Este país não é para velhos?
Há uns meses, lembro-me de ler, no jornal espanhol El País, sobre um hospital nas Ilhas Canárias que era “regularmente usado como depósito de lixo para os parentes mais próximos”.
Em entrevista, o responsável do hospital fala de uma frequência de 10 a 20 casos de idosos que ficam no hospital ao abandono. E a situação passa-se em toda a Espanha.
Por vezes, o abandono deve-se à real incapacidade de os familiares cuidarem dos seus doentes envelhecidos. Outras vezes, não há desculpas. Há, segundo José Izquierdo, do hospital espanhol, uma razão: “isto ocorre porque a ofensa criminal de abandono não é claramente regulamentada…”.
Será?
O que é isto?