Empresa alfabetiza auxiliares de limpeza

Empresa alfabetiza auxiliares de limpeza

De vez em quando, deparo-me com estes bons exemplos de práticas laborais.

No Brasil, um espaço de trabalho compartilhado ajudou os auxiliares de limpeza a aprenderem a ler e escrever depois de ter descoberto que estes não sabiam. Não é fantástico?

Todos sabemos que o mercado de trabalho pode ser bastante competitivo e que, muitas vezes, as pessoas que têm menos habilitações são deixadas para trás em detrimento de candidatos aparentemente mais bem preparados.

Felizmente, nem todas as empresas e respetivos responsáveis pensam da mesma forma! Nátaly Bonato, community manager da WeWork Paulista, um espaço de trabalho compartilhado na Avenida Paulista, em São Paulo, é prova disso.

Para resolver problemas de limpeza nas instalações, Nátaly decidiu implementar uma nova medida e solicitou aos funcionários da limpeza o preenchimento diário de um relatório no qual estes indicavam os espaços que haviam sido limpos e os motivos que impossibilitaram a limpeza dos restantes.

No entanto, aquela que parecia uma tarefa simples revelou-se uma dor de cabeça. Como partilhou na sua página no Facebook, o relatório demorou mais tempo do que o previsto para ser entregue e, quando chegou, estava incompreensível, com vários erros de português. “Como não percebi nada, marquei uma reunião e, quando nos encontrámos, descobri que 50% da equipa − contratada por uma outra empresa em outsourcing − era analfabeta.”

https://www.facebook.com/nataly.bonato.1/posts/1686478781403429

“As pessoas não são descartáveis.”

Em vez de tocar a equipa de trabalho, Nátaly teve uma ideia muito melhor: procurar nas escolas que fazem parte da WeWork alguém que pudesse alfabetizar os auxiliares de limpeza. Foi assim que Nátaly conheceu a pedagoga Dani Araujo, da MasterTech, que aceitou imediatamente o desafio.

“As pessoas não são descartáveis. Eu não queria que alguém passasse pela minha vida sem ter o meu melhor, sem que eu pudesse tentar. Por isso, eu não queria que eles saíssem daqui um dia e continuassem naquelas profissões apenas porque não tinham escolha”, disse Nátaly em entrevista ao Razões para Acreditar.

As aulas decorriam às terças e quintas-feiras, no horário de almoço, e duravam uma hora e meia. “Foi ousado participar neste projeto. Não tinha experiência no ensino de adultos. Vibrei e chorei com cada conquista que alcançámos juntos, e sinto-me privilegiada pela aprendizagem que eles me proporcionaram”, afirmou Dani Araujo, que continuou a dar-lhes aulas mesmo depois de sair da MasterTech.

Cinco meses depois do início das aulas, Irene, Neuraci e ‘Madruga’, algumas das alunas do grupo, já conseguiam escrever uma carta. Para celebrar essa conquista, Nátaly e a sua equipa organizaram uma cerimónia-surpresa de formatura. “Quando os vi aparecerem trajados, não contive as lágrimas. Foi realmente incrível. Acho que é a melhor experiência da minha vida.”

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As fotografias da formatura foram publicadas por Nátaly no Facebook e mostram o quão emocionante aquele momento foi para todos.

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