Sobre o Futebol - Vila das Aves

Além de Marega

“O futebol é realmente uma arena muito interessante para pensarmos sobre como a sociedade se interpreta a si mesma. Existem muito poucos desportos ou entidades culturais que atravessem fronteiras internacionais, culturas e que tenham um impacto direto na forma como as sociedades se veem a si próprias, e umas às outras. Com o futebol isso acontece”. As declarações publicadas no The Guardian são do editor criativo e do curador da exposição multimédia A Arte do Futebol (Campeonato do Mundo 2018), Craig Pennington.

Recordo-as para reforçar o papel do futebol. Não sou das espectadoras mais assíduas. Tenho orgulho no meu cachecol e visto a camisola Vila das Aves. Mas não tenho lugar cativo em qualquer estádio. Nem domino o calendário desportivo. Mas entro numa boa conversa sobre goleadas e dérbis. Porque o futebol tem este dom de agregar e apaixonar multidões.

Esta deveria ser a sua principal nobreza. O episódio Marega vem confirmar que não. Vem pôr o dedo mais uma vez na ferida e revelar um desporto de ódios e violência. Nas televisões, as discussões inflamam as audiências. Quando o debate deveria ser acordado, ainda que em desacordo.

O Marega tomou a sua decisão e, face aos comentários insultuosos sobre o seu tom de pele, abandonou o campo em protesto. O Marega esteve bem. O árbitro esteve mal, ao não interromper  o jogo. Isto sou eu a opinar, que pouco ou nada conheço de regras e normas de procedimento da UEFA. Mas que, a fazerem sentido, diria que nunca poderão ir contra à educação desportiva, civismo, fair play.

São esses os valores que devem continuar a arrastar multidões. São esses os únicos valores que me conseguem arrastar do sofá a um domingo para ir vestir a camisola.

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