19 abril. 2,379,975 pessoas infetadas em todo o mundo. 163,921 mortes e 613,367 casos de pessoas recuperadas.
Hoje vamos até à Alemanha, com a família Mendonça, um casal de portugueses que vive atualmente em Wiesbaden, no estado de Hesse, com os seus cinco filhos.
A Alemanha está entre os países com o maior número de casos confirmados de coronavírus (144,387 pessoas infetadas à data) mas tem sido notícia na imprensa internacional por outros motivos. A pergunta mais frequente é: por que é que a taxa de mortes por COVID-19 é tão baixa, comparando com a de países como Espanha e Itália (países dos quais a Alemanha se aproxima em números confirmados de COVID-19). A Itália (178,972 pessoas infetadas) regista 23.660 mortes. A Espanha (195,944 casos confirmados) regista 20,453 mortes. A Alemanha contabiliza 4,547.
O casal Mendonça tem a resposta para esta diferença tão vincada: “Um elevado número de testes efetuados tem permitido isolar ainda de forma mais efetiva os infetados; a idade média dos doentes com COVID-19 é baixa; e além disso, a capacidade e a qualidade das unidades hospitalares é muito boa. Aqui na Alemanha, também existe o cumprimento escrupuloso das medidas de isolamento”.
À semelhança do que aconteceu com a maioria dos países quando chegaram notícias da China, em Janeiro, o Ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, considerou que a situação representava um “risco baixo” para a saúde. Mas o cenário mudou drasticamente quando, a 28 de fevereiro, com 48 casos confirmados, a Alemanha tornou-se num dos países da Europa com mais pessoas infetadas. A Alemanha decidiu então agir com rapidez, pedindo a quem tivesse contactado com as pessoas infetadas, que permanecesse em isolamento durante 14 dias. Apertou regras nas fronteiras, e fechou comércio e escolas a 15 Março. Mas além das medidas rápidas, destaca-se a grande capacidade de realização de testes para diagnóstico de COVID-19.
“Enquanto o Reino Unido testava cerca de 7000 pessoas por semana, para coronavírus, a Alemanha contabilizava 500 000 testes”, divulgou o jornal britânico.
Neste momento, há cerca de 3000 pessoas em Munique a serem visitadas nas suas casas, aleatoriamente, por um técnico de saúde e um polícia, para recolha de sangue: o governo de Merkel quer saber quem já teve o vírus, mesmo sem sintomas, o que vai ajudar a perceber de que forma o COVID-19 penetrou na sociedade e até que ponto esta terá ganho imunidade. O estudo irá ajudar o governo a tomar decisões relativamente às próximas etapas face à pandemia, como refere o artigo do The New York Times.
Na passada quarta-feira, a chanceler alemã Angela Merkel anunciou que o país irá começar a facilitar algumas medidas. A partir de 4 de maio, está prevista a reabertura de lojas de comércio local e das escolas. Mas as regras de distanciamento social são para ser cumpridas até lá.
“Aqui na Alemanha, de uma forma geral, o cenário é tranquilo. A sociedade alemã está a cumprir as regras de isolamento e distanciamento social sem ser necessário estado de emergência. Há obviamente um sentimento de preocupação, mas de confiança ao mesmo tempo. O sistema de saúde alemão é dos mais bem preparados do mundo, com o número de camas de Cuidados Intensivos per capita mais alto do mundo assim como o número de ventiladores. A Alemanha tem tido ainda uma atitude muito solidária ao receber pacientes de França e Itália para serem tratados em hospitais alemães”, conta-nos o casal Mendonça.
Os portugueses estão em teletrabalho e fazem as suas compras, sempre que possível, online. “Dado que temos uma família grande, temos obviamente de fazer compras de supermercado regulares e quando necessário deslocamo-nos individualmente ao supermercado mais próximo”.
O resto da família está em Portugal, e o reencontro que estava agendado para as férias da Páscoa, foi cancelado: “Pensamos que Portugal está a lidar bem com esta situação. Nem teria outra alternativa, dada a fragilidade do sistema de saúde do ponto de vista de condições. As medidas drásticas tomadas precocemente podem ter ajudado. Preocupa-nos, porém, o pós COVID-19, a nível global, mas sobretudo em Portugal. A economia portuguesa tem estado muito fragilizada e este poderá ser um duro golpe”, considera.
Foto Destaque: The New York Times
Continuamos a ouvir portugueses pelo Mundo em tempos difíceis de pandemia.