“(No Brasil) ainda há algumas pessoas que se lembram do meu avô”

Leia a crónica de Joana Solnado nesta edição de Júlia-De Bem com a Vida

Joana Solnado, ctriz e neta de Raul Solnado, regressou recentemente do Brasil, onde esteve a gravar a série Liberdade

 

Na primeira vez que estive no Brasil em trabalho, foi maravilhoso, aprendi imenso. Tinha 20 anos e senti que pessoalmente amadureci muito por ir morar sozinha para fora. Profissionalmente, foi arrebatador. Trabalhar com nomes como Lília Cabral, Laura Cardoso, Marcos Caruso, senti-me uma esponja a absorver tudo o que via e ouvia à minha volta. Costumo dizer que fui uma miúda e voltei uma mulher.

Foi uma grande surpresa quando fiquei no casting que o André Reis, produtor de elenco, veio fazer a Portugal. Eu e o Ricardo Pereira tínhamos o perfil do casal português que procuravam e, com esse projeto, tivemos a nossa primeira oportunidade de trabalho no Brasil.

O Ricardo é um amigo de longa data. É sempre muito bom ter portugueses por perto. Tenho um grupo de amigos portugueses no Rio e estamos constantemente juntos, acho que é para atenuar as saudades.

Na verdade, a minha vida foi sempre muito dividida entre temporadas no Brasil para férias e Natal, porque a família da minha avó materna é toda de São Paulo. A minha mãe viveu lá toda a adolescência, e a minha ligação com o Brasil vem desde muito nova. Por isso, tenho, desde criança, o hábito de falar português do Brasil e português de Portugal com alguma facilidade.
Trabalhar no Rio é absolutamente inspirador. Mas Portugal… Tenho saudades da minha família, dos meus amigos e da nossa comida maravilhosa. Não há peixe, marisco, nem vinho como os nossos.

No fundo, gostava de ter o melhor dos dois mundos.

A Flor foi comigo para o Brasil e adaptou-se muito bem. O bem-estar da Flor preocupa-me sempre, como mãe. Acho que ela ter-me acompanhado foi a melhor decisão para todos.

Foi muito gratificante, de facto. O brasileiro, em geral, não se coíbe de demonstrar o que sente. Quando sou abordada, é sempre com um grande sorriso, e por pessoas que fazem questão de mostrar que admiram o meu trabalho. É compensador. Ainda há algumas pessoas que se lembram do meu avô, que também trabalhou lá, e fico muito orgulhosa.

 

 

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