Desde 2012, Hunter passa o Natal com os seus filhos e com pessoas sem-abrigo da cidade de Lisboa

Um dia, o americano Hunter Halder olhou-se ao espelho e achou-se velho.

Ao aperceber-se de que não tinha tempo para muito mais carreiras, quis que a seguinte fosse a humanitária.

E assim fundou a Re-food, associação que pretende acabar com o desperdício alimentar, recolhendo restos de comida em restaurantes e padarias e distribuindo-os pelos mais desfavorecidos. Atualmente, Hunter Halder passa, por isso, a ceia de Natal com os seus quatro filhos na Re-food, que assegura uma refeição e festa natalícia a pessoas sem-abrigo, que não tenham família nem ninguém com quem partilhar a consoada.

Hunter recorda que “estava a jantar num restaurante buffet quando o meu filho questionou para onde iriam os restos daquela comida no final do dia. Respondi-lhe que teriam de ir para o lixo”. Nesse mesmo jantar, o esboço do que é hoje a Re-food foi desenhado. “A palavra alternativa fez luz. Coloquei de lado outro projetos humanitários em que andava a trabalhar e este foi o primeiro a ir para a frente”, refere Hunter, na altura também uma das “vítimas da crise”.

Hunter lançou-se sozinho porque, nas suas palavras, “não queria criar expectativas”. Os voluntários começaram entretanto a chegar, atraídos pela curiosidade de saber o que andaria a fazer de bicicleta este homem, com cestos atrás e à frente, a distribuir comida.

Desde 2012, Hunter passa o Natal com os seus filhos e com pessoas sem-abrigo da cidade de Lisboa 11846610_10207453993609917_8950660146049390277_n

Hunter Halder, na sua bicicleta com cestos.

Desde 2012, os seus natais são diferentes. Todos os anos passa a consoada com pessoas sem-abrigo e desfavorecidas e só depois, por volta das 22h00, faz o “seu Natal”, com os filhos, em casa.

“Quando pensei em fazer a ceia de Natal, houve quem dissesse que não ia dar resultado porque os voluntários quereriam estar junto das suas famílias, mas não foi isso que aconteceu”, conta.

O jantar de Natal solidário acontece no salão da igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa. O dia começa cedo, com decorações, preparativos de comida… e a boa vontade de cerca de 30 voluntários. Por vezes, até mais, “porque nesta altura do ano toda a gente quer ajudar”.

Neste jantar, há artistas convidados e “tudo o que um jantar de Natal deve ter”, assegura Hunter, que planeia para 2017 abranger também as únicas seis freguesias de Lisboa que não estão cobertas pela Re-food.

Hunter, que nasceu nos Estados Unidos e que assentou arraiais no nosso país depois de se ter apaixonado por uma portuguesa, proporciona hoje um Natal diferente a muitas famílias que são hoje também o retrato da sociedade atual.

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