ferias-sustentaveis

Férias sustentáveis em 2017. Onde?

Já estamos com um pé em 2017, Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.

E é por isso que partimos do Alqueva com destino à Sardenha, passando pelo Parque Nacional dos Vulcões, no Ruanda. Meio de transporte preferido: o comboio de responsabilidade social do Equador, sem dúvida!

 “Com mais de mil milhões de turistas internacionais a viajarem pelo mundo a cada ano, o turismo tornou-se numa força poderosa e transformadora que está a fazer uma diferença genuína na vida de milhões de pessoas. O potencial do turismo no desenvolvimento sustentável é considerável”,

destacou Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, no Dia Mundial do Turismo em 2015. Sublinhada a importância do turismo na vida das populações, a 70.ª Assembleia Geral da ONU designou 2017 como o Ano do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento. E Júlia – De Bem com a Vida quis juntar-se às celebrações. Fomos, por isso, procurar os lugares mais orientados (e premiados) para o turismo sustentável. Projetos, cidades, cantos do mundo que potenciam os seus recursos, salvaguardam o ambiente e os recursos naturais, criam emprego, promovem a cultura e os produtos locais. Vem viajar connosco?

 

2017: Ano Internacional do Turismo Sustentável

“O ano internacional visa apoiar uma mudança nas políticas, nas práticas empresariais e no comportamento dos consumidores para um setor de turismo mais sustentável”, podemos ler no portal da Organização Mundial do Turismo (OMT). São cinco as áreas-chave designadas pela ONU: crescimento económico sustentável e inclusivo; inclusão social, emprego e redução da pobreza; eficiência dos recursos, proteção do ambiente e alterações climáticas; valores culturais, diversidade e património; compreensão mútua, paz e segurança. A Organização Mundial do Turismo foi mandatada e irá agilizar a implementação das medidas com a colaboração dos governos, de organizações internacionais e regionais e de outras partes interessadas. Nesta linha, notícias recentes dão conta de que o Grupo de Trabalho de peritos no estudo do turismo sustentável (Working Group of Experts on Measuring Sustainable Tourism) já se reuniu, pela primeira vez, nos dias 20 e 21 de outubro, na sede da OMT, em Madrid, e concordou em recolher e organizar dados estatísticos que componham de melhor forma a visão sobre o turismo sustentável no mundo.

Sardenha: Paraíso europeu da sustentabilidade

Cagliari, Villasimius, Muravera, Pula, Domus de Maria, Sardegna Costa Sud. Já ouviu falar destes lugares? Ficam no sul da Sardenha e, no seu conjunto, foram vencedores globais na categoria da sustentabilidade dos primeiros prémios ETIS (European Tourism Indicators System) e Accessible Tourism Awards, “graças à abordagem inovadora que combina os indicadores para a sustentabilidade, tanto da União Europeia como das Nações Unidas”, conforme consta no portal da Comissão Europeia. Barbara Argiolas, do município de Cagliari, ministra do Desenvolvimento do Turismo, acredita que “não se deve apenas falar de sustentabilidade, mas trabalhar nela”. É a mensagem que deixa no vídeo dos prémios ETIS em que fala ainda do trabalho feito ao longo de muitos anos por todos os cidadãos em aspetos como a preservação da paisagem e das dunas, a criação de ciclovias, a requalificação. Pequenos passos que fazem destas regiões do sul da Sardenha um destino turístico sustentável e premiado.

Férias sustentáveis em 2017. Onde? sardenha

 

           A visitar

No Mediterrâneo, a ilha é uma região autónoma de Itália e a sua capital é Cagliari. Por cerca de 500 euros, é possível viajar para a capital da ilha, passando por Milão, Itália, para fazer escala. À espera estão praias magníficas com águas transparentes a poucos quilómetros de Cagliari. Na capital, existem mostras de cerâmica no centro histórico e também a Catedral de Santa Maria, a Igreja de Nossa Senhora de Bonaria e a Torre de  San Pancrazio. Por perto, a sul de Cagliari, a visita à cidade romana de Pula   é obrigatória caso se prefira fazer umas férias culturais e viajar no tempo até ao século VIII antes de Cristo.

Pula foi governada pelos Cartaginenses e    pelos Romanos e há ainda muitos vestígios, conservados, das  passagens destas civilizações, como é o caso da denominada área arqueológica de Nora. Villasimius é também uma excelente opção para visitar: fica apenas a 35 quilómetros da capital e tem excelentes praias. Curvas de areal e rocha a perder de vista. Um mar paradisíaco.

Ruanda: Primeiro os gorilas-da-montanha

Está no top 100 dos destinos sustentáveis em 2016. É um dos três parques nacionais na África Central com gorilas-da-montanha, uma espécie em risco, e o governo decidiu limitar o número diário de visitantes a um máximo de oito pessoas por gorila. O objetivo é reduzir o stress criado nos animais e ter uma atividade mais sustentável no parque. Falamos do Parque Nacional dos Vulcões, no Ruanda, casa de cerca de 300 gorilas-da-montanha e de cinco dos oito vulcões das montanhas de Virunga. Além destas medidas, parte do dinheiro angariado pelo turismo no parque é dado às populações que vivem nas redondezas. Fica, aliás, ali perto o também premiado empreendimento de ecoturismo Red Rocks Rwanda. Um empreendimento que se diz apaixonado pela preservação do património cultural e natural e que deixa bem patente no portal online que a sua missão é “apoiar a formação, a criação de capacidades, a proteção do ambiente, a conservação da natureza e a promoção de boas práticas”.

Férias sustentáveis em 2017. Onde? ruanda

   A visitar

Talvez ainda tenha na memória o genocídio ocorrido em 1994. Mas a verdade é que depois desse trágico acontecimento, que tirou a vida a mais de 250 mil pessoas, o Ruanda tem vindo a ser alvo de uma grande recuperação social e económica. É considerado um caso de sucesso no continente e um exemplo a seguir pelos países em desenvolvimento. Mas essa não é a única razão para dar uma oportunidade ao Ruanda. A biodiversidade é o cartão de visita deste país da África centro-oriental, que tem três parques naturais no seu território. Não há voos diretos de Portugal até à  capital, Kigali, mas, passando por Amesterdão, na Holanda, para fazer escala,           consegue viajar por cerca de 2200 euros.

Na capital, vale a pena visitar o Kigali Genocide Memorial, com três exposições permanentes em que pode encontrar documentos, fotografias e toda a história do genocídio. Fora de Kigali, vale a pena visitar o lago Kivu, um dos maiores do continente africano, e a floresta Nyungwe, provavelmente a mais bem preservada ao longo da África Central. Os parques nacionais são a melhor  opção para ficar a conhecer a biodiversidade do país – o Parque Nacional do Nyungwe, o Parque Nacional de Akagera e o premiado Parque Nacional dos Vulcões.

Equador: Comboio da responsabilidade social

Liga Guayaquil a Quito, duas cidades do Equador. E nesta viagem fica facilmente a conhecer a cultura do país por onde passa a linha que separa o hemisfério norte do hemisfério sul. Falamos do Tren Ecuador, medalhado com ouro nos World Responsible Tourism Awards 2016. É um comboio de luxo, mas não julgue que se bebe champanhe durante toda a viagem. Em vez disso, bebe-se a cultura do Equador, através das sinergias criadas com 23 estações-café, 14 praças artesanais, 13 museus locais, 2 lodges, 9 grupos de folclore e de recriação histórica e várias operações de turismo baseadas na comunidade − tudo incluído como parte da viagem turística. Esta ideia mudou a vida das comunidades que vivem ao longo dos carris, e todas as empresas associadas ao projeto recebem apoio técnico, formação e contratos baseados nos princípios do comércio justo.

Férias sustentáveis em 2017. Onde? equador

   A visitar

O Equador é a terra do chocolate.  A sua capital é Quito, declarada Património da Humanidade pela UNESCO em 1970 por ter o centro histórico mais bem preservado e menos alterado da América Latina.   De Lisboa, consegue voos para Quito com uma ou duas escalas. Pode, por             exemplo, optar por fazer escala em Madrid, Espanha. O voo custa cerca de mil euros. A capital é uma das cidades situadas mesmo nos Andes, a cordilheira que atravessa todo o país e que o divide em duas partes. É interessante, e grátis, visitar a Casa da Cultura Equatoriana, ou tirar uma fotografia panorâmica no Parque Itchimbia, que lhe permite ter uma visão de 360º sobre a cidade. A duas horas para sul, pode visitar o Parque Nacional Catopaxi, onde vê o vulcão com o mesmo nome e até pode subir ao seu cume.

É, no entanto, Guayaquil a maior cidade do país e também o maior porto. Situa-se na margem ocidental do rio Guayas, que desagua no golfo de Guayaquil, no oceano Pacífico. A cidade tem ligação terrestre a todo o país e pode ser um excelente ponto de partida, mas tem muito para ver. Passear pelo Molecón 2000, fruto de um projeto de reabilitação da zona comercial da cidade, visitar o bairro de Las Peñas, património cultural desde 1982, ou até, se gosta de répteis, dar um salto ao Parque Seminario. Há também a explorar as rotas da origem do cacau. Uma delas começa em Quito e a outra em Guayaquil. Se não esquecermos também que pertence a este país parte do território da Amazónia e ainda as ilhas Galápagos, o Equador é um país plural e cheio de motivos para o conhecer.

Limburgo: Do carvão ao turismo premiado

São os vencedores na categoria ‘Destino’ nos prémios Tourism for Tomorrow 2016 organizados pelo World Travel & Tourism Council. Falamos de Parkstad Limburg, uma colaboração entre oito municípios da província de Limburgo, na Holanda. Importa saber que a região dependia de duas atividades principais: alguns municípios viviam do turismo de charme na montanha, mais procurado pelos vizinhos alemães, no século XX; e outros municípios estavam muito ligados às minas de carvão até 1974, ano em que, devido aos preços bem mais baixos praticados pela concorrência de outros países, viram o governo holandês fechar a principal atividade económica da região. Mas desde 1999 que as sinergias de todos os municípios fizeram erguer um novo Parkstad. Lugar onde se pode visitar o Museum Square Limburg, a Megaland Festival Area, a estância Snowworld ski & climbing ou o Zoo Mondo Verde. A transformação foi de tal forma do negro do carvão para o verde, que em 2009 a atração Park Gravenrode, construída sobre as antigas minas de carvão de Oranje Nassau II e Wilhelmina, se tornou no primeiro destino na Holanda a ganhar o EDEN Sustainability Award e a ser declarado um destino europeu de excelência. A reviravolta valeu, em 2015, 368 milhões de euros e significa a criação de 5800 postos de trabalho fixos.

Férias sustentáveis em 2017. Onde? limburgo

     A visitar

A capital da província de Limburgo é Maastricht, cidade que certamente conhece por ter dado nome ao tratado que viu nascer a União Europeia, a cidadania europeia e a moeda única. Maastricht é uma cidade universitária, elegante e rica culturalmente. É agradável uma visita ao centro histórico ou à praça Onze Lieve Vrouweplei. Há também muitas igrejas para visitar, não fosse Maastricht o berço católico da Holanda. Os voos podem custar desde 100 euros e é necessário ter em conta que é necessário fazer uma ou duas escalas, em Amesterdão Eindhoven, por exemplo. Mas pode ficar-lhe mais barato viajar até Amesterdão e optar por outro meio de transporte até à província de Limburgo, que fica apenas a 200 quilómetros da capital. Na província, pode visitar ainda Valkenburg para conhecer as minas e cavernas com desenhos do tempo dos Romanos e também o castelo, de onde pode ver uma paisagem maravilhosa. A visita ao Parque Nacional De Groote Peel também é uma excelente sugestão. O  parque preserva uma área de turfa, que permaneceu parcialmente intocada   pela prática de extração que costumava ocorrer na região. Além disso, é uma das áreas mais ricas da Europa Ocidental em espécies de aves.

Alqueva: No céu dos destinos sustentáveis

Em Portugal, não faltam destinos onde ver as estrelas iluminarem a noite escura. Mas há um lugar mais estrelado, diga-se também premiado, que todos os outros. É a reserva Dark Sky Alqueva. O primeiro destino turístico em todo o mundo para ver as estrelas e também um dos destinos vencedores dos prémios ETIS (European Tourism Indicators System) e Accessible Tourism Awards na categoria de impacto social. De salientar que a reserva, organizadora de eventos de observação astronómica, é constituída pelos seis concelhos banhados pelo Alqueva: Alandroal, Barrancos, Moura, Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz. E são os municípios da região que colaboram na diminuição das luzes das localidades entre as 23 e as 5 horas, poupando assim nos gastos dos municípios, no ambiente e proporcionando um céu mais iluminado aos visitantes. Além disso, a reserva está associada a unidades de alojamento e de restauração, produtores de produtos regionais e empresas de animação turística de forma a proporcionar uma experiência completa a quem procura a rota Dark Sky Alqueva.

Férias sustentáveis em 2017. Onde? alqueva

  A visitar

Visitar o Alqueva é conhecer o maior lago artificial da Europa (Júlia – De       Bem com a Vida já flutuou nele numa casa-barco de criação cem por cento que é a FloatWing). Porém, é também conhecer os municípios que têm uma vista privilegiada sobre aquela imensidão de água ou um lugar específico, novo. A nova aldeia da Luz foi construída para realojar os habitantes da        antiga aldeia da Luz, submergida pelas águas da barragem de Alqueva. Lá pode visitar o Museu da Luz, que em 2005 recebeu uma menção honrosa da Associação Portuguesa de Museologia, na categoria de Melhor Museu do País. O bilhete custa no máximo 2 euros. Monsaraz é também um local encantador nesta zona do Alentejo. Esta vila, no concelho de Reguengos de Monsaraz, fica no cimo de uma colina que se ergue na planície alentejana. Protegida pelas suas muralhas, é uma pequena povoação com ruas estreitas de xisto, as paredes das casas caiadas de branco e muitos recantos.

 

Por Alexandra Matos

 

 

 

 

 

Comentários

comentários