Paulo Azevedo e Sónia Santos formam, com o filho, Gustavo, de quase dois anos, a imagem de uma família feliz. Uma família que não olha a diferenças ou limitações, e cujo amor ultrapassou barreiras e preconceitos.
Paulo nasceu sem parte dos membros superiores e inferiores, mas a família sempre lhe incutiu a certeza de que ser diferente não significa ser inferior. Assimilou bem a mensagem, e já tem no percurso as maiores conquistas que um homem pode ambicionar: já plantou uma árvore, escreveu um livro e teve um filho. Conheceu a companheira, Sónia, através de amigos comuns e desde logo sentiu algo especial. “A Sónia encantou-me com o sorriso e uma certa timidez natural.” Ela deixou-se seduzir “pela forma como o Paulo lidava com as suas diferenças e pela pessoa que me mostrou ser”. A diferença em que a sociedade tanto repara “foi aceite de imediato” e, quanto a isso, Sónia é taxativa: “Não existe nada para ultrapassar. O Paulo é assim, faz as coisas à maneira dele. Às vezes até me esqueço de que pode precisar de alguma ajuda.”
A família dela, «pessoas de mente aberta e que olham com o coração», não olhou a diferenças, e Paulo sentiu-se desde logo bem-vindo.
Uma ligação para a vida
Há muito que conquistara a sua independência, e até o reconhecimento público, como ator. Faz o mesmo que as outras pessoas, apenas de forma diferente, mas considera que essa diferença só serviu para os aproximar enquanto casal. “Talvez porque nos tornamos mais unidos e mais fortes ao ultrapassarmos juntos as barreiras do dia a dia», explica o ator. E o dia a dia trouxe novos desafios com a chegada do filho, Gustavo, em março de 2015.
Os receios iniciais existiram, mas rapidamente ficaram para trás. Falam do filho como “a melhor aventura das nossas vidas, um amor inexplicável, e todos os medos de não conseguirmos ser bons pais desapareceram ao primeiro sorriso do Gustavo, que é um bebé muito feliz”.
O casal assume que nem sempre é fácil estar de acordo, com duas personalidades fortes, “mas existe uma cumplicidade muito grande e uma ligação para a vida. Gostamos muito um do outro”, conta Paulo. Para Sónia, a relação com o companheiro não se define à luz de qualquer diferença. “Conheci o Paulo assim e não sei como seria de outra forma. Penso que é uma relação normal, entre duas pessoas normais. Tem os seus altos e baixos, mas vamos sabendo dar a volta por cima e é isso que importa.” Quando o amor existe, as diferenças esbatem-se, e até se esquecem, e não há barreira que separe dois corações cuja união vai muito para além das aparências.