Não importa a distância que nos separa se há um céu que nos une

“Não importa a distância que nos separa se há um céu que nos une”

Rui Stuart, português do Norte, e Elsa Chiessi, italiana, conheceram-se em Ibiza e decidiram que a distância nunca haveria de ser barreira. E escolheram Portugal para viverem juntos. Comemoram 12 anos.

Carlos Drummond de Andrade lá sabia o que dizia quando inspirou o mundo com esta frase. A distância pode facilmente esfriar ou impedir relações, mas também as pode alimentar, ajudando a manter a chama acesa ano após ano. É assim a história de Rui Stuart e Elsa Chiessi. Ele, um moreno português de família nortenha, ela uma linda e loira italiana. Conheceram-se em Ibiza, num final de tarde de agosto, num daqueles bares de praia de encontros fortuitos. Aconteceu, porém, o amigo de Rui ter-se encantado pela amiga de Elsa. E vice-versa. Restou a Stuart e a Chiessi o papel de segurar a vela. Ele achou-a de nariz empinado, ela achou-o antipático, mas começaram a conversar – em espanhol. Até hoje. Já lá vão 12 anos, comemorados nas paradisíacas Caraíbas.

O primeiro beijo aconteceu na última noite das férias, e a empatia resultou num namoro internacional e em inúmeras e frequentes idas e vindas entre Lisboa e Milão. Passados dois anos, em 2006, Elsa veio viver para Portugal. A italiana salienta que “a mudança foi progressiva e natural, e a distância nunca representou um impedimento, porque nunca quisemos fazer alterações repentinas. Mas, com o passar do tempo, percebi que gostávamos de estar juntos”. E Rui acrescenta, com o bom humor que o caracteriza: “O que a Elsa quer dizer com ‘progressiva e natural’ é que eu, em 12 anos, vi o espaço do meu guarda-fatos passar de 100% para 20%…”

A adaptação de Elsa à vida em Portugal e a uma língua que desconhecia levou algum tempo, mas foi inspirada pelos próprios pais: “Eu venho de uma família em que a minha mãe, francesa, se mudou por amor para Itália para estar com o meu pai, que é italiano. Foi mais uma experiência enriquecedora, porque sempre gostei de viajar e de aprender novas línguas. Aprendi a escrever e a falar português pelos livros e a falar com as pessoas.” E Rui acrescenta que “a Elsa é uma comunicadora nata e rapidamente começou a conhecer grupos de pessoas que logo simpatizaram com ela”. Em casa, também as pequenas grandes barreiras foram ultrapassadas: “Nas primeiras visitas a casa do Rui, lembro-me de estar tudo muito alto. Mas ele depressa me arranjou um banquinho com rodas e baixou algumas prateleiras.”

Viajar para matar saudades

O casal vive em Lisboa há mais de uma década, mas Elsa mantém a casa de Milão, porque o trabalho, como senior seller na alta-costura italiana, exige que passe várias semanas por ano na capital da moda. A distância, mais uma vez, não é problema, conforme explica Rui: “A distância representa duas horas e 20 minutos, o que não é muito. Graças aos nossos trabalhos, temos bastante flexibilidade para irmos aqui ou acolá, e não temos obrigações nem sequer para regar um cato.” É frequente matarem saudades em viagens pelo mundo, e já andaram juntos pela Austrália, Venezuela, Argentina, Uruguai, Rússia, China, Malásia e Vietname, tendo começado o ano nas paradisíacas ilhas Seychelles.

“A distância sempre serviu para nos aproximarmos, porque somos ambos muito independentes e gostamos de, por vezes, estar sozinhos”, conta Elsa. “Sempre soubemos ir construindo uma relação de confiança baseada numa sinceridade natural em que, se quiséssemos, poderíamos a qualquer momento escolher outro caminho. Navegamos juntos há 12 anos porque queremos e não porque devemos.” E Rui concorda: “Acho que temos o melhor dos dois mundos. Na brincadeira, costumo dizer que quando ela se vai embora dou saltos de alegria, e quando ela volta sou alegria aos saltos.” Elsa considera o companheiro “sincero, generoso e muito positivo”, e ela revelou-se “um excelente ser humano, muito culta e interessada pelos mais variados assuntos deste mundo, amiga dos seus amigos e sempre com umas palavras agradáveis para oferecer”. O próximo destino desta viagem a dois continua em aberto, mas o mais certo é irem ao seu encontro juntos. E felizes.

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