Hoje queria lembrar-me das outras mães…

Hoje, beijo todas as mães… Principalmente aquelas que deixaram de ter quem as designasse assim… Mãe, mamã… Mas ainda assim…mães para sempre!

Hoje vão ser publicados milhares de textos sobre a alegria de ser mãe. E eu concordo… Com essa urgência feliz de contar e partilhar a dimensão do amor que ultrapassa o mensurável, a dor agridoce deste sentimento desprendido e definitivo.

Aos filhos… damos tudo. E só por eles seremos os heróis de todas as histórias… Super homens ou mulheres… Amor, tanto amor… Mas hoje queria lembrar-me das outras mães, daquelas que vivem na ausência e no vazio.  Aquelas que não têm designação, porque (tanto quanto sei) em nenhuma língua existe uma palavra que defina o que é uma mulher sem o seu filho.

Não sei se fui inspirada pelos olhos imensos de dor de Judite de Sousa, ou por tantos outros rostos que se colaram ao único medo consciente que eu possuo na minha existência de mulher desassombrada.

Sei que tudo é efémero, aceito a finitude de tudo, menos a ausência dos meus filhos. E aqui vou eu ao lugar do insuportável… onde já estive, na possibilidade de os perder. Existem os acidentes, as doenças e tudo o que a vida nos traz de imprevisível e improvável.

Em todas estas esquinas, podemos vir a perder aqueles que mais amamos. Nas minhas relações mais próximas, existem algumas mães que perderam o rumo, a bússola das suas vidas. Um filho é isso… o nosso mapa, a única verdade e o caminho.

Quase todas sofreram tanto que perderam a possibilidade de chorar. Ficaram para lá das lágrimas, num sofrimento tão fundo que afasta todos, e que num determinado momento é uma dor tão solitária, na qual não pode entrar mais ninguém. Nem os pais que os geraram connosco… Ser mãe é um estado que não tem retorno, não se pode voltar atrás e fazer de conta que não existiu um sonho e um amor que vem do mais fundo de nós.

Hoje, beijo todas as mães… Principalmente aquelas que deixaram de ter quem as designasse assim… Mãe, mamã… Mas ainda assim…mães para sempre!

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