Amor faz bem à saúde, segundo especialistas

Amor: é bom para a saúde?

Quem ama é mais otimista, revelam especialistas.

Estar apaixonado aumenta o otimismo, um abraço melhora a pressão arterial, as relações sexuais controlam o peso e casar diminui a taxa de mortalidade. Afinal, all we need is… love.

Sem contraindicações, ou tão-pouco prescrição médica, o amor parece mesmo ser o melhor remédio para a saúde. E este parecer tem um carimbo científico. “A verdadeira paixão leva o nosso organismo a produzir um elixir de substâncias químicas que nos fazem sentir bem. Estar apaixonado torna a pessoa mais otimista, vigorosa e motivada, tudo aspetos positivos para a saúde e para a sociedade”, afirma Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC).

 

Bate, bate, coração

O sistema cardiovascular é dos que mais ganham com a paixão. A sensação gerada pelo sentimento amoroso é particularmente benéfica para o coração, pois o organismo liberta hormonas – as chamadas endorfinas – que proporcionam sensação de bem-estar, prazer e alegria, reduzindo o risco de depressão e controlando a ansiedade e o stress, três importantes fatores de risco para a saúde cardiovascular. Estas descobertas assumem maior relevância se tivermos em consideração que em Portugal, assim como no resto da Europa, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e de diminuição da qualidade de vida.

De acordo com uma equipa de cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que recorreu a testes feitos através de angiografias − exame capaz de verificar o que se passa no interior dos vasos sanguíneos −, quem ama tem menos bloqueios nas artérias, o que permite ao sangue circular mais livremente. Um ponto a favor do amor. Mas há mais: as pessoas apaixonadas tendem a cuidar melhor de si. Preocupam-se com a sua saúde, procuram estar mais em forma, estão mais felizes. Facilita a adoção de estilos de vida mais saudáveis, como o início de uma atividade física ou a escolha de uma alimentação mais saudável.

Investigações realizadas nos EUA concluíram que o consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e drogas era menor em casais. Tudo graças à boa influência do parceiro. Quando um dos membros do casal adota um comportamento mais saudável, o outro tende a segui-lo. Assim o diz um estudo publicado no JAMA Internal Medicine. A probabilidade de deixar de fumar ou de praticar mais exercício físico se o parceiro o fizer chega aos 40%.

 

O poder do toque

Um abraço apertado vindo de quem se ama faz verdadeiras maravilhas. Quando se recebe um beijo de alguém amado, um abraço fraterno ou um toque amigo, o organismo produz um cocktail. Este cocktail é composto por neurotransmissores e hormonas geradoras de bem-estar, como a oxitocina. Esta ‘hormona do amor’ produzida pelo cérebro é conhecida pelo seu papel no trabalho de parto e na amamentação. Ajuda a controlar a produção de hormonas do stress. Leva à redução da pressão arterial, a uma maior eficiência do sistema imunitário e a mais resistência à dor.

Em alguns casos, basta apenas um carinho para a tensão arterial voltar aos valores considerados ideais para a saúde. Pelo menos, assim confirmou um grupo de cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA. Os investigadores apuraram que um abraço de quem se ama é mais eficaz do que qualquer comprimido para a hipertensão.

Mais sexo, mais saúde

A par do amor e das relações estáveis, o sexo também tem um efeito protetor para o coração. Como Manuel Carrageta refere, “a atividade sexual é uma forma de exercício. Os estudos mostram que, durante o sexo, uma mulher queima, em média, 3,1 calorias por minuto, os homens 4,2 calorias”. Este nível de atividade corresponde a um esforço moderadamente intenso. É semelhante, por exemplo, a dançar, a uma marcha rápida ou a jogar golfe.

Mas a sua ação protetora não termina aqui. “Os benefícios deste exercício vão desde o controlo do peso à prevenção da diabetes, passando pela redução da pressão arterial. Melhora também a saúde emocional, reduzindo a ansiedade, a raiva e a solidão. Estas contribuem para a subida do colesterol, tabagismo e até alcoolismo”, revela o cardiologista. Através destes mecanismos, a atividade sexual pode, segundo sublinha este especialista, reduzir o risco de ataques cardíacos.

Como se não bastassem estes argumentos, outros estudos asseguram que o amor traz benefícios para todo o organismo. Afasta a depressão, aumenta a imunidade, diminui o stress. Pode ser uma forte causa de longevidade, ou seja, quem ama e é amado vive mais e melhor. E fica o aviso: tão importante como recebê-lo, em doses maciças, é também dá-lo sem medo.

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