Incontinência: normal ou problema?

Incontinência urinária: Fisioterapia é solução?

Hoje, Dia Internacional da Saúde da Mulher, uma especialista no assunto esclarece sobre incontinência urinária.

Filipa Cordeiro, fisioterapeuta especialista em saúde da mulher, responde: É verdade que a fisioterapia pode ser útil em caso de incontinência urinária?

 

A fisioterapia é útil?

“Embora não seja uma área de intervenção muito conhecida do público em geral, a fisioterapia também intervém nas disfunções do pavimento pélvico. Aí incluem-se vários problemas de saúde: a incontinência urinária e fecal, disfunções sexuais, o prolapso de órgãos pélvicos, entre outros. A fisioterapia pode ajudar, mas antes é muito importante definir dois conceitos: os músculos do pavimento pélvico (MPP) e a incontinência urinária em si.

Os MPP, também conhecidos por músculos do períneo, formam a parede inferior da cavidade abdominal. Têm um papel muito importante na sustentação dos órgãos pélvicos, na continência urinária e fecal, e no próprio prazer sexual. Por outro lado, existem vários tipos de incontinência urinária. Os mais prevalecentes são a incontinência urinária de esforço, a incontinência urinária de urgência, e a incontinência urinária mista.

O que é a incontinência urinária?

A fraqueza dos MPP pode levar a perdas de urina em momentos de esforço (tossir, espirrar, correr, etc). Esta situação chama-se incontinência urinária de esforço, e ocorre sobretudo na mulher jovem e na idade adulta. É o tipo de incontinência mais comum. Afeta 49% das mulheres que sofrem de incontinência urinária. Já a incontinência urinária de urgência é uma perda de urina associada a uma vontade súbita e inadiável de urinar. É mais frequente na mulher idosa.

Por último, existe a incontinência urinária mista. Consiste na perda de urina em situação de esforço e de urgência para urinar. É importante realçar que a incontinência urinária é definida como uma perda involuntária de urina, independentemente da quantidade. Mesmo que apenas perca algumas gotas ao longo do dia, já se trata como incontinência, e deverá procurar tratamento especializado.

O que posso fazer?

Continua a prevalecer a ideia de que a perda involuntária de urina é algo inevitável após o parto ou com o decorrer da idade. Muitas mulheres não procuram a ajuda que necessitam, mesmo que as suas perdas de urina interfiram na sua qualidade de vida. Não se conforme!

Existem vários tipos de tratamento que a podem ajudar. Existe a fisioterapia uroginecológica, que é considerada internacionalmente como o tratamento de primeira linha para incontinência urinária feminina. Após a análise da sua história clínica e um exame físico simples, o fisioterapeuta irá definir consigo um plano de tratamento.

Os tratamentos incluem várias técnicas como o ensino da contração correta dos MPP e o treino de fortalecimento (e relaxamento) dessa mesma musculatura. É importante referir que o tratamento será sempre um trabalho de equipa. Terá sempre uma parte ativa no decorrer das sessões.

Cada sessão de fisioterapia uroginecológica é única, tal como cada mulher. Cada tratamento é sempre realizado de acordo com o nível de conforto de cada mulher. O seu consentimento informado é indispensável para a realização de qualquer técnica. Em conjunto com o tratamento realizado durante cada sessão, irá também aprender algumas técnicas que pode fazer em casa. Contribui assim para a sua evolução clínica, e contribuindo para um maior conhecimento do seu corpo.

Filipa Cordeiro é fisioterapeuta e especialista na saúde da mulher, assim como conselheira em aleitamento materno. Desde 2012 que se dedica à temática da saúde da mulher. Esta temática inclui as áreas de pré e pós parto, disfunções do pavimento pélvico, e oncologia. Criou em 2015 o projeto Fisioterapia Cor de Rosa, em que trabalha.

 

 

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