Estava na Católica (em Economia) e fiz um curso de expressão dramática. Foi amor à primeira vista

“Estava na Católica (em Economia) e fiz um curso de expressão dramática. Foi amor à primeira vista”

O ator Miguel Costa, que atualmente pode ser visto na novela Amor Maior, transmitida na SIC, estava a estudar Economia quando, aos 20 anos, descobriu a representação. E, nessa altura, tudo mudou. Foi, como me conta, amor à primeira vista.

Quando era pequenino… Mais pequenino, portanto… [risos] Sonhava com muita coisa. Ainda hoje sonho. Mas, em termos de profissão, passei pela fase do astronauta, influenciado pelos primeiros Star Wars, que vi com o meu pai. O Espaço é um dos meus universos de eleição e dos meus maiores interesses. Também passei pela fase do polícia, do jogador de futebol e do biólogo marinho. Sou fascinado pela vida nos oceanos e nos rios. Tal como o Espaço, temos muito para investigar e descobrir.

Descobri a minha vocação… aos 20 anos. Eu nunca soube bem o que queria fazer quando fosse grande. O que eu queria mesmo era estar com os meus amigos e fazer desporto. Por isso, por influência dos meus amigos, e como tinha notas para isso, entrei em Economia na Católica. Mas no primeiro ano chumbei a quase tudo. No segundo ano, decidi assumir o compromisso e comecei a estudar, além de que me custava ver os meus pais a deitarem dinheiro para a rua com as propinas. Tive resultados razoáveis, mas no fim desse ano, no verão, fiz um curso de expressão dramática − mais uma vez com um amigo, o meu ‘irmão’ Mário Patrocínio, que hoje é um dos melhores realizadores e produtores portugueses − e foi amor à primeira vista: era aquilo que eu queria para o resto da minha vida.

A minha vocação é… representar. Ser ator. É, sem dúvida, o que quero fazer para o resto da minha vida e o que tenho feito. Acredito que o faço com competência, sempre com o objetivo de fazer cada vez melhor e com abertura para aprender todos os dias. Uma coisa posso garantir: faço-o com todo o empenho e amor.

Descobri a minha vocação…
Passei a compreender melhor porque é que eu, desde muito novo, queria fazer as peças de teatro da escola, desde a pré-primária. E porque é que aos 10 ou 11 anos passava manhãs aos fins de semana a ver a coleção de filmes do Hitchcock. E porque é que eu era o palhacinho da turma… [risos] Ainda sou! Assim que descobri o que queria fazer, foi investir a 100%, como quando descobrimos que amamos. Continuei a estudar, numa ótica do carpinteiro tradicional, que tem o seu mestre, e fui bater à porta daqueles que mais admiro.

Os meus mestres são…
Estudei com o meu Ti João, o grande João Mota, na Comuna. Com o Miguel Borges, o Carlos Paulo, o Jonas Bloch. Além deles, há pessoas fundamentais no meu percurso: Miguel Loureiro, Luís Castro, António Terra, Sara Belo. Fiz ballet clássico durante um ano, com um bailarino da Bolshoi, o Alexej Fokine. Um mestre também. Tudo para melhorar uma certa expressão corporal, já que um ex-jogador de râguebi com 1,66 m é basicamente um matraquilho.

O curso de Economia…
Não desisti dele. Não gosto de ciclos por encerrar, e até me deu ferramentas fundamentais para trabalhar em part-time num escritório de advogados e, assim, juntar dinheiro para estudar teatro.

Do que mais gosto naquilo que faço… Gosto de tudo, de todas as linguagens: teatro, cinema e televisão. Todas têm o seu ritmo próprio, as suas características, mas ao mesmo tempo o seu encanto, os seus desafios. E respetivos processos criativos. Eu costumo dizer que gosto de viajar, pelo meu país e pelo estrangeiro, mas gosto também de viajar nas pessoas, na bagagem emocional, intelectual e pessoal que trazem. E o meu trabalho permite-o. É um privilégio!

Um dos momentos mais felizes da minha vida profissional…
Um? Só um? É que quase todos os processos são inesquecíveis pelos melhores motivos. Se eu tivesse de destacar um, seria quando fui convidado pelo meu Ti João (João Mota) para o primeiro espetáculo que fiz na Comuna. Foi um sonho tornado realidade. A pessoa que provavelmente mais admiro profissionalmente, e das que mais admiro pessoalmente também, a convidar-me para trabalhar? Numa casa onde sempre sonhei trabalhar? Era um sonho tornado realidade!

Diria a um adolescente que ainda não encontrou a sua vocação… que não desespere. Que não se sinta pressionado. Que não se acomode. Que viaje, se puder. Leiam, saiam de casa, vejam filmes, procurem o que desconhecem. Mas tenho também recados para os pais desses adolescentes que ainda não descobriram aquilo que gostariam mesmo de fazer: que compreendam as dúvidas dos vossos filhos; que os ajudem na descoberta; que apoiem, desde que seja um ofício legal, claro. Que exijam também mas sem ultimatos. Nós somos confrontados com a obrigação de começar a direcionar o nosso futuro profissional demasiado cedo, aos 15 anos. O que é que eu sabia aos 15 anos? Tinha tudo por descobrir. Tinha eu e têm todos os miúdos de 15 anos.

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