Desde pequeno que queria ser engenheiro informático. E assim foi. Também foi promovido, aumentado. E desistiu da carreira para viajar para a Austrália e para a Tailândia, de onde trouxe a ideia para o seu atual negócio em Cascais. António faz gelados de rolinho tailandeses. Fantástico!
Nem todos convivem em paz com a rotina e a monotonia da vida quotidiana. António Dias é uma dessas pessoas. Inquieto, curioso e proativo, só se sente satisfeito a lidar com novos desafios e com a adrenalina que estes lhe proporcionam. Talvez seja um reflexo dos seus 25 anos ou um traço de personalidade que o acompanha desde sempre. Quem sabe…
Aos 23 anos, enquanto frequentava o último ano do curso de Engenharia Informática, António estava cheio de vontade de ingressar no mundo do trabalho. Começou a procurar e conseguiu aquilo que todos os licenciados gostariam de ter: um emprego na sua área. Era o concretizar de um sonho de criança. “Tive a sorte de começar numa excelente empresa, que me proporcionou uma grande evolução como profissional e como pessoa”, conta.
Mas, depois de trabalhar dois anos como consultor informático e de começar a construir uma carreira bem-sucedida, havia algo que estava errado. “Sentia-me muito estagnado, com uma rotina chata de escritório, não me estava a conseguir automotivar no trabalho e estava sedento de um grande desafio e de aventura”, recorda.
Foi então que António disse basta! Despediu-se do emprego. Disse adeus à família e aos amigos. E partiu para uma grande aventura que teve como destino inicial a Austrália.
Os amigos receberam com entusiasmo a novidade. Assim já tinham onde ficar quando quisessem viajar até Sydney. A família, essa, achou que António estava doido. Afinal, quem é que se despede de um emprego estável, depois de promovido e aumentado? “Embora as coisas estivessem a correr muito bem, nunca achei que fosse fazer aquilo a vida toda.” O momento de mudar era este. E lá foi ele.
Olá Mundo!
A Austrália proporcionou-lhe muitas coisas boas, e uma delas, segundo nos diz, foi fazer todo o tipo de trabalhos que nunca tinha imaginado fazer, desde servir às mesas e ser bartender, passando por trabalhar em eventos, cafés e distribuir jornais.
Quando surgiu a necessidade de arranjar um trabalho, “tive a sorte de começar a trabalhar no Australia Museum, na parte do bar, café e eventos, mas não sabia nada de nada”. António não sabia carregar três pratos em simultâneo para servir às mesas. Não sabia servir pessoas. E não percebia nada de vinhos. A informática tinha sido, até então, o seu mundo, e ele nunca tinha passado por uma experiência semelhante.
Como seria de esperar, os primeiros dias foram difíceis, mas a perseverança e a determinação falavam mais alto: “Ia para casa treinar, ver vídeos no YouTube para aprender a fazer todos os tipos de cafés que eles bebiam, estudar nomes de vinhos e as respetivas castas, e estava sempre aberto a aprender, sem nenhum preconceito.” Pouco tempo depois, já estava familiarizado com a atividade e sentia-se um autêntico profissional na matéria.
Gelados de rolinho tailandeses em… Portugal
Durante oito meses, António andou a viajar pela Austrália e pelo continente asiático. Percorreu várias regiões australianas, passou por Bali e pelas ilhas Gili, na Indonésia, pela Tailândia e pelo Vietname. Até que chegou a hora de regressar a Portugal e abraçar mais um desafio e um sonho de longa data: criar o seu próprio negócio.
“Quando era pequenino, dizia que queria estudar informática e ser engenheiro informático e depois que ia abrir uma empresa aos 23 anos. Só falhei na idade, foi aos 25”, revela, em tom de brincadeira.
De volta a casa em meados de abril deste ano, António implementou uma ideia de negócio que trouxe das suas viagens. Em sociedade com um amigo que o acompanhou na sua aventura − e, sim, o amigo, tal como António, também deixou tudo para trás − abriu a HeyMate, uma gelataria na Casa da Guia, em Cascais, que confeciona os famosos gelados de rolinho tailandeses. Os gelados são preparados na hora, e em frente ao cliente, por António e pelo sócio, Ricardo Paulos, de 26 anos, e até à data têm conquistado todos aqueles que os provam.
O negócio foi inaugurado no passado mês de junho e, apesar de recente, está a correr bem. Mas será essa a sua vocação? “Gosto muito de desafios, de estar sob stress e da adrenalina de algo novo. Acho que a minha vocação é isso mesmo: é a busca de desafios e quebrar a rotina.” É caso para dizer que só a imaginação e a capacidade de sonhar são o limite.
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