Pedi ao apresentador Jorge Gabriel que revelasse alguns dos momentos da sua vida em que optou por falar e por ficar calado. E ele não hesitou em partilhá-los connosco. Obrigada, Jorge!
Por Jorge Gabriel
Silêncio…
Eu aprecio muito a ideia de que se o Criador nos moldou com duas orelhas e apenas uma boca é porque devemos multiplicar por dois o tempo que dispensamos para escutar. Após milhares de entrevistas que já efetuei, há muito que percebi a importância do silêncio para ganhar algumas respostas que só se obtêm se nada disser e deixar ‘respirar’ a ausência da palavra. Pessoalmente, e com tão pouco tempo para aproveitar o silêncio, considero que seria muito útil para todos respeitarmos alguns momentos de vazio completo para melhor refletirmos e ponderarmos sobre o que nos rodeia.
Não me calo quando…
Na minha caminhada profissional, foram muitas as ‘manadas de elefantes’ que tive de engolir para não me prejudicar, apesar de estar confiante na minha razão. Noutras ocasiões, as injustiças eram insuportáveis e não me contive. A mais recente ocorreu quando quem dirigia a RTP decidiu deslocar a Praça da Alegria dos estúdios do Porto para Lisboa. A inconsistência da argumentação utilizada levou-me a tornar pública a minha oposição, nunca faltando ao respeito à entidade empregadora, mas apenas usando uma das conquistas de Abril de 1974: a liberdade de expressão. Tal decisão levou a que fosse chamado à administração da empresa recebendo uma ameaça de despedimento por insubordinação. O silêncio, ou a falta dele, tem os seus custos.