Carta aberta pede legalização da canábis para fins medicinais

Carta aberta pede legalização da canábis para fins medicinais

Médicos, investigadores, enfermeiros e doentes pedem, através de uma carta hoje divulgada, a despenalização da canábis para fins terapêuticos. Os subscritores do documento destacam evidências científicas que comprovam os benefícios da planta no tratamento dos sintomas de algumas doenças e apelam ao Parlamento para que aprove as medidas que vão a discussão na próxima quinta-feira.

São cerca de 100 os subscritores – praticamente todos ligados à área da saúde – de uma carta aberta em defesa da legalização da canábis para fins medicinais. Médicos, enfermeiros, psicólogos, investigadores pedem aos políticos que “tornem esta medida possível, recordando que em países como Holanda, Alemanha ou Itália a planta já foi legalizada, assim como os seus derivados.

“Nestes países, a canábis pode ser utilizada pelos médicos como uma ferramenta terapêutica eficaz e segura e está disponível e acessível aos doentes. Infelizmente, esta ainda não é uma realidade em Portugal”, apontam no documento.

Na carta aberta, que ficará disponível online para ser assinada por mais pessoas, os signatários evocam ainda os “inúmeros efeitos medicinais” da canábis, defendendo que estes “podem e devem ser colocados ao serviço das pessoas”.

Em declarações ao jornal Público, o oncologista Jorge Espírito Santo – um dos nomes que consta no documento – afirma que “não faz sentido que não haja acesso a estes compostos que estão acessíveis noutros países e quando há evidência científica de que pode ser benéfico no tratamento de sintomas como a falta de apetite, controlo da dor, em doenças oncológicas”.

Para além do médico oncologista, entre os mais de 100 subscritores da carta encontram-se o médico João Semedo, o primeiro presidente da Autoridade do Medicamento (Infarmed), José Aranda da Silva, e o médico e presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Henrique Barros.

De acordo com os signatários, a legalização permitiria o acesso em condições reguladas e com garantia de qualidade. “É uma medida eficaz e segura, baseada em evidência científica e na experiência internacional, que irá acrescentar uma opção importante ao arsenal terapêutico disponível para as situações em causa”, lê-se na carta aberta divulgada na semana em que a Assembleia da República vai debater dois projetos de lei do Bloco de Esquerda e do PAN (Pessoas Animais Natureza) sobre a matéria.

Por tudo isto, o grupo de cidadãos considera que “a legalização da canábis para fins medicinais deve avançar rapidamente e tornar-se uma realidade em Portugal”, apelando aos partidos representados na Assembleia da República para que “tornem esta medida possível”. E é já na quinta-feira que o Parlamento vai discutir o tema.

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