4 mitos à mesa

4 mitos à mesa

Acha que comer laranja à noite mata ou que faz mal beber vinho depois de comer melancia? E os ovos aumentam o colesterol? Nem tudo o que se ouve é verdade.

A área da nutrição está carregada de mitos acerca do que comer, do que não comer, em que quantidades e em que horários. No meio de tanta (des)informação, é fácil ficarmos confusos e cometermos erros. “O que é bom para uma pessoa pode não ser bom para si, por isso escolha uma opinião válida e comprovada”, adverte a nutricionista Ana Sofia Guerra.

Dado o número elevado de crenças e de mitos que têm persistido ao longo do tempo, pedi à nutricionista que nos esclarecesse alguns deles. No fim, cheguei a uma conclusão: além de muitos desses mitos serem falsos, podem também levar-nos a comportamentos incorretos e, em alguns casos, prejudiciais para a saúde.

Mito 1: “O vinho depois da melancia encortiça no estômago”

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Ainda são muitos os que acreditam nesta afirmação. No entanto, não poderiam estar mais errados: a melancia juntamente com o vinho não “encortiça” no estômago. O que acontece, segundo explica Ana Sofia Guerra, é que “a junção dos dois alimentos numa refeição provoca um aumento do pH no estômago, dando uma sensação de enfartamento e mal-estar”.

Como a melancia é uma fruta muito leve e fresca, temos tendência a comer maiores quantidades do que deveríamos, o que nos provoca essa sensação de enfartamento. “Em pessoas mais sensíveis, pode causar náuseas ou mesmo vómitos”, aponta a nutricionista.

Em suma: não há qualquer razão para não juntar estes dois alimentos. Aliás, existem mesmo receitas que os têm na sua lista de ingredientes e que fazem as delícias dos comensais.

Mito 2: “Laranja de manhã é ouro, à tarde prata e à noite mata”

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Há muitas gerações que esta ideia prevalece, mas hoje sabe-se que não passa de um mito. A frase relaciona-se muito provavelmente com o facto de sempre ter sido “atribuído um poder excitante à laranja”, afirma Ana Sofia Guerra. No entanto, um estudo publicado pelo Journal of Pineal Research, em 2013, demonstrou que o consumo desta fruta à noite estimula a produção de uma hormona responsável pelo sono (melatonina).

Também o seu teor em vitamina C faz deste citrino um alimento importante para a saúde dos vasos sanguíneos, ao mesmo tempo que contribui para a fixação do ferro no organismo, bem como para o crescimento e para a cicatrização dos tecidos. Ou seja, tudo bons motivos para que consuma laranja a qualquer hora do dia − a menos que tenha algum tipo de intolerância a este alimento.

Mito 3: “Laranja misturada com leite faz mal”

Aqui está mais uma daquelas combinações de alimentos que continuam a induzir as pessoas em erro. Se este é o seu caso, saiba que, “apesar de o leite coalhar quando lhe juntamos um ácido, isso não acontece quando juntamos a laranja”, esclarece a nutricionista.

Há mesmo alguns estudos “que sugerem que a vitamina C da laranja aumenta a absorção do cálcio presente no leite”, refere Ana Sofia Guerra, pelo que, do ponto de vista nutricional, a sua junção é benéfica.

Mito 4: “Os ovos fazem aumentar o colesterol”

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Envolto em controvérsia até há uns anos, o ovo foi considerado durante muito tempo como sendo nocivo para a saúde devido ao seu teor elevado de colesterol – ou melhor, a gema. Mas esta ideia é totalmente falsa!

A sua ingestão não faz aumentar o mau colesterol, pois 70% dele é produzido pelo organismo (fígado) e por fatores como predisposição genética, tabagismo, sedentarismo, dieta pobre em fibras e rica em gorduras saturadas. Por isso, os nossos comportamentos e o nosso estilo de vida têm mais peso nesta questão do que a quantidade de ovos que ingerimos. Mas nem sempre é assim: “Uma pequena percentagem da população (quem tem hipercolesterolemia familiar) pode reagir ao consumo excessivo de ovos, devendo vigiar os seus níveis de colesterol com maior regularidade”, alerta Ana Sofia Guerra.

Em suma: não se deixe levar pelo “diz que disse”. Uma alimentação saudável baseia-se, como a nutricionista afirma, num consumo aumentado e regular de legumes e de fruta, na ingestão abundante de água e na redução do consumo de alimentos processados. Acima de tudo, “o mais importante é escolher o tipo de alimentação que se adequa a si ou, melhor ainda, consulte um nutricionista”.

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