Eutanásia e a história de David

A Eutanásia será debatida no parlamento a 29 de maio. É um tema sensível. Na ordem do dia. 

De um lado, o Movimento Stop Eutanásia, que em fevereiro entregou um documento subscrito por mais de 100 profissionais, a pedir a proteção da vida consagrada na Constituição da República, na declaração universal dos direitos do homem e no código internacional de ética médica.

“Toda a Vida Tem Dignidade” é um outro movimento que também acredita no chumbo da legalização da morte assistida.

Do outro lado, o Movimento Cívico para a Despenalização da Morte Assistida, que lançou este sábado um vídeo de 3 minutos com depoimentos de 65 personalidades a favor da lei que regula a eutanásia.

Rita Blanco, Bruno Nogueira, José Luís Peixoto, Sérgio Godinho, Teresa Pizarro Beleza, Eurico Reis, António Pedro Vasconcelos, Júlio Machado Vaz, Fausto Bordalo Dias, Eurico Reis, Ana Drago e João Semedo, um dos impulsionadores do projeto de lei do Bloco de Esquerda, são alguns dos nomes que pedem “às senhoras e senhores deputados” que “quando chegar o final da minha vida”, “quero poder decidir não sofrer mais”.

No vídeo, estas personalidades apontam o exemplo de outros países da Europa, onde é possível a morte assistida. “Mas ter de viajar para morrer com a dignidade que pretendo é uma violência”, afirmam no vídeo.

A história de David que fez 14 mil quilómetros para morrer

É o caso de David Goodall, cuja história recente tem vindo a ser partilhada na internet e redes sociais. Este cientista australiano de 104 anos percorreu mais de 14 mil quilómetros para morrer. Gooodall confessa que preferia morrer no seu país, mas teve que viajar da Austrália à Suiça, onde a morte assistida é legal. A morte assistida é ainda permitida em países como Luxemburgo, Alemanha, Holanda, Bélgica.

“Na minha idade, queremos ser livres de decidir morrer”, disse em entrevista.

O ecologista premiado, que foi também ator e praticante de ténis até aos 90, escolheu morrer com música, a 9ª sinfonia de Beethoven, e na companhia dos netos.

Antes de dar entrada na clínica, o cientista centenário partilhou com os jornalistas: “Há muitas coisas que eu gostaria de fazer, mas é tarde demais”. David fazia parte do movimento pro-eutanásia na Austrália.

Todos os diplomas estabelecem que só podem pedir, através de um médico, a morte medicamente assistida pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável, sendo necessário confirmar várias vezes essa vontade.

 

Comentários

comentários