Lisboa e Setúbal sem Rastreios de Cancro da Mama

O rastreio do cancro da mama começou em Portugal em 1990. Estamos em 2018 e o rastreio de cancro da mama ainda não é feito nas regiões de Lisboa e Setúbal. Alguém sabe porquê?

Perguntámos ao Professor Carlos Oliveira, Presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

A pergunta surge a propósito da notícia avançada ontem pelo Diário de Notícias e Lusa: “Falta uma assinatura: mulheres de Lisboa e Setúbal sem rastreios de cancro da mama”.

Parece que falta uma assinatura. “Quando chega a hora, falta sempre algo, é sistemático, e este protocolo tem sido sucessivamente adiado”, lamenta o Professor Carlos Oliveira, Presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Esta não é uma questão nova. Em Janeiro, a Administração Regional de Saúde garantiu que estava para breve o alargamento do Programa de Rastreio do Cancro da Mama, mas o Professor Carlos Oliveira recorda o quanto se bateu por esta questão já em 2010 a 2013, o período em que assumiu a presidência a nível nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Atualmente à frente da Região Centro, Carlos Oliveira tem dados positivos sobre o impacto do Rastreio de Cancro da Mama: “estudos publicados e revistos mostram que o Rastreio de Cancro da Mama na zona Centro fez baixar a mortalidade, diagnosticando o cancro numa fase muito precoce”.

As mulheres abrangidas pelo Programa de Rastreio de Cancro da Mama têm idades entre os 50 e os 69 anos (dois terços dos casos de cancro da mama ocorrem em mulheres com idade superior a 50 anos) e são convocadas,  a cada dois anos, para realizar uma mamografia.

Este grupo de pessoas deveria ter um programa de Rastreio organizado em Lisboa.

Mas o que acontece em Lisboa e em Setúbal? “O médico de família não é obrigado a solicitar a mamografia porque o programa assim não o exige. Portanto, só o médico privado vai pedir. E apenas algumas pessoas, ao abrigo de seguros/convenções de saúde, podem fazer a sua mamografia, uma vez que esta não é comparticipada nem é de prescrição obrigatória pelo médico de família, do centro de saúde”, como explica Carlos Oliveira.

“Portanto esta situação está mal. Está mal há muitos anos”, lamenta o Presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Atualmente surgem 6000 novos casos de cancro da mama por ano, em Portugal, ou seja 11 novos casos por dia, morrendo por dia 4 mulheres com esta doença.

Por Paula Guerra

 

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