“Estar grávida e sem abrigo mudou a minha vida”, Francesca Cook

Apesar de trabalhar numa universidade londrina, uma britânica, mãe solteira, viu-se sem casa para viver. Ter um emprego não servia de nada numa cidade cara como Londres, e esta jovem mãe passou por uma fase muito dura. História de uma mulher que voltou a ganhar forças e a recuperar um teto. 

Num dia de maio de 2014, com 27 anos, Francesca Cook deu entrada num lar para pessoas sem abrigo. Trazia pela mão a filha de 10 anos e, na barriga, um bebé de 5 meses. Sentiu-se como se estivesse a entrar numa prisão, e as grades nas janelas contribuíam para acentuar essa sensação.

Mas aquele era o único local onde a Segurança Social britânica conseguira encaixá-la. Ficara sem lugar em casa da mãe, que se tornara tutora legal das netas, e a casa tornara-se minúscula para uma família tão grande. Apesar de ter formação superior e trabalhar numa universidade londrina como consultora dos estudantes, o salário de Francesca não chegava para alugar uma casa na dispendiosa cidade de Londres. Ir para longe implicaria deixar o emprego e não resolveria o problema, pois ficaria sem sustento.

Apesar de não dormir nas ruas, Francesca e os filhos contavam-se entre as estatísticas de pessoas sem abrigo: 77 mil pessoas em condições semelhantes às que agora encontrava. Na casa-abrigo onde foi acolhida temporariamente, tinha um espaço com duas camas e uma pequena cozinha, mas não havia sequer um berço que aguardasse a chegada do filho e dividia a casa de banho com mais três famílias. O contexto em que se encontrava atenuava a alegria de voltar a ser mãe.

“Eu simplesmente não tinha espaço e energia para sentir isso. Claro que não renegava o meu bebé, – amava-o – mas sobretudo sentia que, aos olhos do mundo, eu era uma mãe incapaz”, conta em declarações à BBC.

Em agosto desse ano, Francesca deu à luz um bonito e saudável rapaz, mas não conseguia livrar-se do peso de não ter um teto que fosse seu. “Vivia sobrecarregada pelo peso sobre os meus ombros de duas pequenas vidas e não era capaz de lhes dar as condições mais básicas – nem sequer um teto sobre as suas cabeças”.

Os meses passaram e o primeiro natal do filho mais novo foi passado na casa-abrigo. Mas tudo mudou na vida desta jovem família, com a ajuda de duas instituições de solidariedade que finalmente conseguiram realojar Francesca e os filhos. Também a colocaram em contacto com um consultor de saúde mental, que a ajudou a ultrapassar a experiência.

Um dia tudo pode mudar. Francesca ultrapassou. Ganhou forças. Porque o que não nos mata… torna-nos mais fortes.

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