“Livre num país em que a liberdade não custa uma vida”, por Magda Fernandes

“Livre num país em que a liberdade não custa uma vida”

Crónica de Magda Fernandes*
*Mulher, mãe, advogada. De bem com a Vida.

"Livre num país em que a liberdade não custa uma vida", por Magda Fernandes Magda-Fernandes

 

25 de Abril, em flores. Hoje comemora-se a Revolução e a liberdade. Vamos aos conceitos: revolução contra um regime fascista instituído, salazarista e antiliberal. Liberdade. O que é afinal a liberdade? De expressão, de decisão, de voto, de escolha, liberdade sexual. Mas o que me impressiona, fora o discurso político que dava um testamento que não cabe nestas linhas, são os cravos. Os cravos enfiados brilhantemente em canos de espingarda. Segundo se conta (não estive lá para ver) nem um morto nem um ferido.

 

Só uma revolução pacífica de cravos em canos de armas. Apaixona-me o conceito ainda que entenda que o mesmo é algo romanceado. Admito que tenha havido um ou outro ferido mas gosto de acreditar que nenhum tiro certeiro foi disparado. A revolução e o que representou no nosso Estado Democrático atual é a única certeza no meio das incertezas que assumem as razões para as forças políticas que estiveram na sua génese. Como assumo a minha falta de profundidade e efetivo estudo quanto as entranhas da revolução, prefiro associá-la, muito inocentemente, à ideia de democracia pacífica representada por armas floridas não disparadas.

Pode não corresponder totalmente à verdade (consta que terá havido pelo menos um morto uns dias a seguir) mas corresponde a minha ideia romântica e idealista da génese do que sou hoje: livre num país em que a liberdade não custa uma vida.

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