Quando ouço a palavra música, surge inevitavelmente a vontade de dançar, de deixar o corpo falar como lhe apetece, por vezes até (no meu caso, pelo menos) de uma forma bastante descoordenada… porque dançar faz bem à alma. Lembra-me as noites festivaleiras onde o sol se põe rodeada de amigos à procura do melhor lugar para o concerto que vem a seguir e a noite a nascer a um ritmo frenético como se a vida fosse, ela própria, música.
Confesso que não tenho o hábito de chegar a casa e ouvir música. A idade trouxe-me calma, aprendi a valorizar o silêncio. Como sabem (ou não), não conduzo, o que dificulta a tarefa de estar a par dos últimos sucessos radiofónicos. A bitola acaba sempre por ser a do taxista e os vencedores são sempre as glórias de outrora. Fado e Bruce Springsteen ganham em grande escala… o que me faz sorrir. Sou muito portuguesa e o saudosismo faz parte de mim. Não lhe consigo fugir. A questão é que grande parte do dia é passado a correr, e quando chego a casa, quase sempre, opto pelo silêncio ou por uma música que me permita desacelerar.
A altura em que me permito relativizar e deixar que a batida domine os meus dias e grande parte das noites é nos festivais de verão. A época dos festivais é declarada aberta de norte a sul do País, e assim para mim começa a festa! Chegam os amigos, a banda que não podes perder… chegam as noites quentes de verão marcadas por sorrisos, danças, pessoas bonitas, porque a felicidade faz-nos bem.
No meu novo projeto, apercebi-me de que o recinto de um festival é dos melhores locais para apreciarmos as tendências, aprendermos o que se deve (e também o que não se pode!) combinar, é um espaço de inspiração a todos os níveis. E acho que muito disso se deve à música. A música que escolho não ouvir em alguns dias… mas que me faz tão feliz em outros tantos. Há um ritmo que nos guia. E esta é a altura em que não sou só eu a ouvi-lo. Vivam os festivais de verão e a partilha da música.
Por Raquel Strada, apresentadora de TV
