Costuma-se dizer que as mulheres procuram parceiros parecidos com o pai. Mito ou realidade? A especialista em Mediação Familiar e de Conflitos e em Terapia de Casal, Margarida Vieitez, responde à questão.
Nunca me tinha apercebido que escolhi sempre namorados parecidos e ainda por cima parecidos com o meu pai! Porque escolho pessoas iguais, mesmo depois de já ter passado por tanto?
Pode acontecer uma tendência a escolher parceiros muito semelhantes ao longo da vida. A insistência pode estar relacionada com alguma experiência vivida no passado que o marcou muito e que em cada nova relação tenta resolver. De forma inconsciente, procura pessoas com características idênticas para poder viver de novo o já vivido.
É muito curioso, em terapia de casal, constatar que um ou mesmo os dois elementos de um casal escolheram uma pessoa com características emocionais e psicológicas muito idênticas às dos progenitores. Quando lhes peço para me descreverem a relação que tiveram, e têm, com a mãe e com o pai, a resposta ao motivo de terem escolhido aquela pessoa e não outra, já não é surpresa.
Muitas pessoas escolhem outras como companheiras para resolverem problemas ocorridos durante o seu desenvolvimento, ainda que tudo se processe a nível inconsciente. Daí as infindáveis discussões sem resolução à vista… exigem que os companheiros preencham o vazio dentro delas, sentem raiva e revolta e projetam isso no outro e na relação.
Faça o seguinte exercício:
– Tente olhar um pouco para trás até à sua adolescência, altura em que começou a namorar, e identifique algumas características comuns a todas as pessoas com que, teve um mero “caso” ou mesmo se envolveu.
– Como eram? Como se comportavam? Que características de personalidade tinham? Como se relacionavam com a família de origem? Como a tratavam? Como a amavam? Como se sentia a seu lado? O que procurava neles? Como decorreu a relação com todos eles? Porque acabou? Como acabou?
– Os vínculos amorosos que teve ao longo da vida e as pessoas que escolheu para estar a seu lado dizem muito sobre si. Tente perceber se existiu um “registo comum” a essas relações.
– Perceber porque se sente atraído pelas mesmas pessoas, resolver a questão de fundo e começar a interessar-se por outras é o segredo para se sentir mais feliz.
*Autora do livro Verdades, Mentiras e Porquês, A Esfera dos Livros
