Dulce Machado, a professora e voluntária portuguesa que esteve no ano passado no Campo de Refugiados de Elefsina, Grécia, acaba de chegar à Grécia, para mais uma missão.
A sua primeira crónica no Blog Júlia é dedicada a Omar. Omar é uma entre muitas crianças que ali chegam de barco, fugidos da guerra, depois de partirem da Síria e do Iraque e depois de muito caminharem e desbravarem montanhas, sem água nem comida. Omar é o bebé que a voluntária portuguesa passou a adormecer ao colo, e que corria para os braços de Dulce mal a avistava pela manhã. Hoje, passado um ano, foi o reencontro de Dulce com Omar. Foi assim…
Há um ano, conheci o Omar e a sua família no Campo de Refugiados de Elefsina. Prometi-lhe que voltava para o ver, para o abraçar novamente.
No meu regresso à Grécia, a caminho da minha missão em Lesvos, no Campo de Refugiados de Moria, parei em Atenas para o ver, para o reencontrar.
Não consigo explicar a verdadeira beleza deste reencontro. Foi algo inexplicável. O Omar já não me via há um ano. Aquele bebé que adormecia, todos os dias, nos meus braços, que estava o dia todo comigo. O meu Omar. Apesar da distância, esteve sempre comigo, no meu coração.
Não sabia qual seria a sua reação ao ver-me outra vez. O meu coração batia muito, estava ansiosa, emocionada. Quando o vi não consegui conter as lágrimas, corri para ele. Ao ver-me, o Omar sorriu e veio logo para o meu colo. Abraçou-me e aninhou-se no meu pescoço. Foi o melhor abraço da minha vida. Acreditem. Enchi-o de beijos, ele olhou para mim e , com os seus olhos lindos e gigantes, percebi que me queria perguntar e dizer: ” Onde estiveste? Demoraste tanto a chegar. Tive tantas saudades tuas…”
Encostou a carinha dele à minha e com um abraço apertado e mágico fechou os olhos para voltar a adormecer no meu colo.
Sussurrei-lhe ao ouvido: “I love you so much, Omar. Forever. Sleep my sweet baby. Dulcinha is here.”
(Eu amo-te tanto, Omar. Para sempre. Dorme meu bebé. A Dulcinha está aqui)
Há momentos inesquecíveis, que valem uma vida inteira.
O Reencontro entre a voluntária portuguesa no Campo de Refugiados e a criança que aprendeu a adormecer nos seus braços, Omar
